Bovinos e pantanal: rebanho teve queda de 4,5% antes de queimadas

20 de novembro de 2020 3 mins. de leitura
Dados do IBGE revelam que a presença dos rebanhos bovinos no bioma foi menor em 2020 quando comparada ao ano anterior

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), rebanhos bovinos tiveram redução de volume em 2020 em regiões que fazem parte do bioma pantanal. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a queda registrada em comparação com o ano anterior foi de 4,5%. Considerando apenas o Mato Grosso do Sul, a redução atingiu a marca de 5,8% na presença dos animais.

Esses números acenderam um alerta na relação entre a pecuária e as queimadas, que só em 2020 já causaram perda de mais de 20% do bioma. De acordo com a ideia popular, a abertura de pastagens para a pecuária é um dos principais fatores que desencadeiam as queimadas. Considerando esse cenário, qual seria o motivo do aumento dos incêndios diante da redução dos animais na área?

Relação entre presença de bovinos e redução de focos de incêndio

Um estudo que avalia a correlação entre o volume dos rebanhos bovinos e o número de focos de incêndio no território brasileiro revelou que os biomas Pantanal e Cerrado acabam se beneficiando com a presença dos animais. O trabalho mostra que uma maior população de bovinos por quilômetro quadrado está relacionada a uma menor incidência de focos de incêndio em escala municipal.

Segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o gado pantaneiro ajuda a reduzir o volume de matéria orgânica seca. Desse modo, as possibilidades de surgimento de focos de incêndio pela seca e a disseminação rápida do fogo em diversas áreas são reduzidas. A ministra também relacionou o aumento das queimadas em 2020 com a redução da presença dos animais no Pantanal em comparação a 2019. Por outro lado, Arnildo Pott, pesquisador e criador do termo boi bombeiro, explica que apenas aumentar a presença dos animais no bioma não seria suficiente para conter o problema das queimadas.

A efetividade do “boi bombeiro”

De acordo com Pott, que é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e professor aposentado da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em entrevista ao site da TerraSolos, os focos de incêndio só seriam reduzidos caso os animais fossem criados em locais críticos, onde a pecuária não gera grandes lucros, causando o acúmulo de matéria seca. 

O pesquisador afirma que “não se pode só falar em aumentar o número de bovinos no Pantanal; é preciso aumentar onde queima mais”. No entanto, as áreas críticas para queimadas no período de seca são as mesmas que sofrem alagamentos nos períodos de chuva. Esses extremos ambientais fazem que a pecuária não seja atrativa e que os custos de produção se tornem muito mais altos para os produtores. “Quem é que vai investir numa área onde a previsão é ter que vigiar a altura do rio quase que diariamente em algumas épocas? O cara que faz isso está fazendo um serviço e tem que ter uma compensação. O duro é conseguir isso”, finaliza Pott.

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Fonte: Terra Solo, IBGE, Compre Rural.

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