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A agricultora Rosana Chiavassa, após longas pesquisas e investimentos para a melhoria da sua plantação de oliveiras, decidiu dar um passo adiante: como uma grande fã de música clássica, ela instalou alto-falantes por toda a plantação para que as azeitonas compartilhassem da sua paixão. O resultado foi melhor do que o esperado, o azeite produzido com essas azeitonas ganhou um prêmio internacional pela delicadeza que apresentou.
A plantação fica na Serra da Mantiqueira (Minas Gerais), e a região já está se destacando na produção de azeitonas de qualidade. Carlos Diniz, produtor dos Azeites Casa Mantiva, também recebeu prêmios internacionais. Os produtos estão sendo reconhecidos internacionalmente pela qualidade e pelo sabor com notas de frutas tropicais, como maracujá, cacau e até café.
A música clássica pode influenciar as plantas?
Para realizar o projeto, Chiavassa recorreu ao musicoterapeuta Luis Leão, o qual acredita que a música influencia as plantas em diversos níveis. Para ele, a música pode atrair ou afastar diversos animais, como predadores e polinizadores, e também agir em âmbito molecular, aumentando a produtividade da seiva e a comunicação da raiz com o fruto.
Diversos agricultores de todo o mundo recorrem a técnicas semelhantes para aumentar a produtividade de plantas. Na região de Frassina (Itália), os produtores utilizam música clássica para cultivar as uvas responsáveis por um dos melhores vinhos do mundo. Bem distante dali, em De Morgenzon (Cidade do Cabo), os produtores também estão utilizando música clássica para cultivar parreiras que farão vinhos.
Em Minas Gerais, há outro exemplo de cultivo com música: a produtora de bananas Bernadete Ribeiro. Ela usa o artifício para melhorar a qualidade da sua plantação na cidade de Nova União e, segundo ela, desde que começou a adotar a prática já notou que as bananeiras estão mais altas.
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O que a Ciência diz sobre a técnica?
De forma sintética, podemos afirmar que não existem estudos conclusivos sobre a melhora que a música pode oferecer no cultivo de plantas. Os estudos que existem são alvos de críticas pela falta do controle de fatores nos experimentos, da possibilidade de reprodução e de revisão por pares.
Luz, água, pressão do ar e condições do solo estão entre os fatores que são difíceis de serem computados e reproduzidos para garantir a efetividade de um estudo verdadeiramente científico.
Um dos primeiros — e mais conhecidos estudos — realizados sobre esse assunto é do doutor T. C. Singh, chefe de Botânica da Universidade Annamalai (Índia). Em 1962, ele expôs um grupo de plantas a serem cultivadas com música clássica, enquanto outro foi cultivado sem música. O primeiro teria apresentado uma taxa de florescimento 20% maior e 72% a mais de biomassa do que o segundo.
Outros estudos já fizeram análises expondo plantas a diferentes estilos musicais e até a notas únicas tocadas por longos períodos. Neles, parece haver uma tendência de maior crescimento das plantas expostas a sons de violinos e menor crescimento das plantas expostas a estilos mais agressivos, como o rock and roll.
Para alguns especialistas, o segredo pode estar nas vibrações que alguns tipos de melodia geram, que podem estimular o fluxo citoplasmático, o transporte de nutrientes e de proteínas pelas células.
Cientistas mais céticos afirmam que a influência pode ser de um tipo bem diferente. Os agricultores que expõem as plantas à música demonstram que são bem mais cuidadosos e preocupados do que outros, isso pode influenciar em diversas outras práticas e cuidados com a plantação no dia a dia, o que garantiria o sucesso da plantação.
Esse fato também parece ser notado em pessoas que criam plantas em casa, quem costuma conversar com elas normalmente são mais responsáveis na hora dos cuidados, como a irrigação e a exposição correta à luz e à temperatura.
Além disso, as produções com música ambiente parecem fazer efeito na equipe de agricultores, que trabalham com o humor melhor e podem aumentar a produtividade.
Fonte: Estado de Minas, Casa Abril, Serenata & Cia, Cailís, Por dentro da Africa