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O principal avanço da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) foi completar o livro de regras do Acordo de Paris. Com isso, todos os 198 países que participaram do evento estão obrigados a informar, detalhadamente, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2024, permitindo elaborar planos de redução mais efetivos.
Ficou decidido também que os países desenvolvidos deverão dobrar, em 2025, os recursos destinados para a adaptação às mudanças climáticas. Isso equilibrará os investimentos relacionados ao clima, dado que atualmente a maioria dos esforços financeiros são direcionados para a mitigação dos efeitos do aquecimento global.
Além disso, foi realizada uma série de tratados setoriais paralelos sobre florestas, carvão, transporte e metano. As novas ações previstas nestes acordos podem ser capazes de reduzir as emissões em 2,2 milhões de toneladas de CO2, o que poderia fechar a lacuna necessária para conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação aos níveis pré-industriais.
Regulamentação do mercado de carbono
Um dos avanços da conferência climática que afeta o agronegócio foi o estabelecimento de novas regras para o mercado de carbono. A COP-26 tornou possível a criação de um regime de comércio estruturado entre países, regulamentando a compra de “autorizações” de emissão de carbono para ajudar a alcançar as metas climáticas.
A comercialização entre os países não será taxada, no entanto, os créditos negociados entre projetos do setor privado ou de organizações não governamentais (ONG) sofrerão uma cobrança de 5% que será destinada a fundos para financiar as nações mais pobres a se adaptar às mudanças climáticas.
O acordo representa um progresso para o Brasil. Conforme estimativa do Ministério do Meio Ambiente, o País deverá ser um exportador de créditos de carbono para nações que não conseguiram alcançar as suas metas de redução de gases de efeito estufa.
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Fragilidade do acordo final
O texto final da conferência climática recuou em relação ao uso do carvão, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. O termo “eliminação progressiva do uso desenfreado” da fonte energética, presente nos primeiros rascunhos, foi trocado por “redução”, abrindo a possibilidade da utilização do produto poluente.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Gutierres declarou que os avanços “são passos importantes, mas não o suficiente”. O líder destacou a falta de compromisso com a criação de um fundo de US$ 100 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentarem as mudanças climáticas.
Em balanço do evento, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anfitrião da COP-26, afirmou que o acordo final foi “tingido pela decepção”. O líder britânico declarou que as expectativas dos países que já estão sendo ameaçados pelas mudanças climáticas foram frustradas, apesar dos avanços da cúpula.
Próxima conferência climática
A COP-27, a ser realizada no Egito em 2022, terá como foco principal a criação de um mecanismo de financiamento de perdas e danos, que ficou de fora do texto final da conferência climática realizada em Glasgow.
Na próxima conferência climática, os países deverão explicar como as suas políticas e planos realizados depois da COP-26 estão alinhados com os objetivos de limitar o aquecimento global, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris. Fonte: Clima Info, Organização das Nações Unidas (ONU), Ministério do Meio Ambiente.