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Como o solo pode ajudar a sequestrar carbono?

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Nas ações de mitigação do aquecimento global, é dada uma ênfase muito grande ao papel do reflorestamento, pois a recomposição da cobertura vegetal é capaz de absorver carbono. Entretanto, o solo é o principal reservatório temporário da substância no ecossistema, podendo apresentar níveis 4,5 vezes maiores que os vegetais.

As alterações no uso da terra no território brasileiro, uma atividade ligada principalmente ao agronegócio, representaram a emissão de 933 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera em 2020, o que equivale 43% do total emitido pelo Brasil, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

Esse número mostra o quão importante é o manejo adequado do solo. Técnicas desenvolvidas por agricultores brasileiros, como o Sistema de Plantio Direto, podem contribuir com a diminuição das emissões na atmosfera por promover o acúmulo de carbono no solo ao utilizar material orgânico para proteger a terra da erosão.

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Mapeamento do solo

36 bilhões de toneladas de carbono orgânico estão armazenadas em solo brasileiro, o que representa 5% do estoque global. (Fonte: Mapa/Reprodução)

O Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil (PronaSolos), desenvolvido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem como objetivo conhecer a distribuição do carbono no solo do Brasil para subsidiar estratégias e direcionamento de políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas e à diminuição da emissão dos gases de efeito estufa (GEEs).

A partir de um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o governo brasileiro busca identificar áreas potenciais para a prática de economia verde no País. Esse conhecimento é fundamental para auxiliar no cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo Brasil.

Um conjunto de mapas apresenta um retrato inédito do carbono orgânico estocado no solo brasileiro até uma profundidade de 2 metros. As informações permitem comparar a evolução do estoque de carbono em relação aos mapas divulgados em 2017.

O estoque de carbono em cada área varia de acordo com o tipo de solo, o clima, o material geológico que formou a região e principalmente em decorrência do uso e do manejo da terra. O poder de sequestro de carbono de uma área depende da quantidade de matéria orgânica presente no solo.

Recuperação de áreas degradadas

Além de danos ambientais, a degradação de áreas provoca prejuízo no agronegócio. (Fonte: Jackson Stock Photography/Shutterstock)

Além do PronaSolos, o Mapa tem outras estratégias para descarbonizar o agronegócio brasileiro. O Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (Plano ABC+) tem como meta reduzir 1,1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalentes às emissões do setor até 2030, superando o recorde anterior do Plano ABC, iniciado em 2010. Para tanto, pretende adotar tecnologias sustentáveis em mais de 72 milhões de hectares de áreas degradadas.

O programa também visa recuperar mais de 30 milhões de hectares de pastagens deterioradas, o que deve contribuir para melhorar a produção agropecuária e gerar benefícios ambientais.

De acordo com estimativa do Instituto ClimaInfo, a degradação de áreas representa prejuízo anual de R$ 9,5 bilhões ao agronegócio brasileiro. Além da erosão e da compactação dos solos, a degradação reduz a capacidade de produção vegetal e aumenta a pressão pela busca de novas áreas, o que pode causar desmatamento e mais emissões de carbono na atmosfera. 

Fonte: Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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