Silvicultura de eucalipto: conheça a história da produção no Brasil

15 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
Em dois séculos, uso de eucalipto pela silvicultura brasileira se expandiu e proporcionou a formação da maior empresa de celulose do mundo

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O setor de florestas plantadas representa cerca de 4% do Produto Interno Brasileiro (PIB), segundo estimativa da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). Nessa cadeia produtiva, o eucalipto tem papel fundamental, respondendo por 7,4 milhões de hectares plantados, o que significa quase 80% das áreas utilizadas para silvicultura.

Devido à abundância de matéria-prima, o Brasil é o segundo maior produtor global de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos. A maior empresa do mundo no setor é brasileira e surgiu após a fusão das gigantes Fibria e Suzano, essa última fundada há mais de um século e cujas pesquisas revolucionaram o uso de fibra de celulose.

Apesar de não terem origem no Brasil, as espécies se adaptaram ao clima tropical e foram melhoradas ao longo de dois séculos. Em terras brasileiras, as árvores de eucalipto contam com tempo de produção de sete anos, enquanto no Canadá, país de clima temperado, esse período pode passar de 30 anos.

Chegada do eucalipto ao Brasil

Eucalipto se adaptou bem ao clima brasileiro e, melhorado geneticamente, aumentou sua produtividade. (Fonte: Jabotleaba Fotos/Shutterstock)
Eucalipto se adaptou bem ao clima brasileiro e, melhorado geneticamente, aumentou sua produtividade. (Fonte: Jabotleaba Fotos/Shutterstock)

A árvore de eucalipto tem origem na Austrália e provavelmente chegou à América do Sul pelo Chile, quando um veleiro inglês deixou mudas em 1823. No Brasil, não se sabe precisamente como chegou a espécie para uso comercial, se pelo Rio de Janeiro em 1855 ou pelo Rio Grande do Sul em 1865. Contudo, a árvore já estava plantada em 1825 no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Os primeiros usos do eucalipto no Brasil tinham fins decorativos ou medicinais, como quebra-ventos e para retirada de óleo essencial. No entanto, outros países já utilizavam a árvore para produzir madeira por conta de seu rápido crescimento. 

Edmundo Navarro de Andrade, um estudioso da espécie, sugeriu a utilização da madeira para lenha, dormentes, postes e moirões da Companhia Paulista de Estradas de Ferro no início do século 20, então a plantação do eucalipto começou a ser intensificada. A madeira produzida também passou a ser utilizada em forma de carvão vegetal pelas siderúrgicas para fabricar ferro gusa.

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A expansão da silvicultura

Produção de celulose e papel deu grande impulso às florestas de eucalipto. (Fonte: Malazzama/Shutterstock)
Produção de celulose e papel deu grande impulso às florestas de eucalipto. (Fonte: Malazzama/Shutterstock)

As plantações paulistas utilizadas para transporte ferroviário e siderurgia serviram de exemplo para outros estados expandirem as plantações de eucalipto. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os primeiros a implantar a nova árvore, porém rapidamente o eucalipto foi introduzido em outros locais.

Foi a utilização da madeira para a fabricação de celulose que deu o último impulso para a eucaliptocultura. A celulose era produzida a partir da madeira pinus, porém a partir da década de 1950 uma tecnologia que permitiu o uso exclusivo do eucalipto no papel branco fez com que a árvore dominasse a cadeia produtiva. O número de indústrias de papel e celulose cresceu ao mesmo tempo que as áreas plantadas de eucalipto aumentaram.

O papel da tecnologia na silvicultura de eucalipto

O crescimento da silvicultura exigiu a obtenção de conhecimento sobre o eucalipto. Existem mais de 700 espécies catalogadas, mas apenas duas representam o maior volume industrial produzido no Brasil. Isso se deu após um longo processo de melhoramento genético e observação das diferenças entre espécies, usos, solos e clima.

Com um mercado global conectado, a tecnologia e a inovação se tornaram fundamentais para manter a competitividade brasileira. No início do século passado, as florestas plantadas produziam em média 20 metros cúbicos por hectare durante o ano; agora, a média é de 40 m3/ha, com algumas áreas chegando a produzir 60 m3/ha.

Fonte: Agência de Notícias do Paraná, Esalq/USP, Agropos, Potencial Florestal, Suzano.

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