O clima adverso que atingiu o Brasil em 2020 se tornou um verdadeiro pesadelo para os produtores de laranja do cinturão citrícola (São Paulo e Triângulo Mineiro) na safra de 2020/2021. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a estiagem que assolou o Sul e o Sudeste no ano passado foi responsável por causar a maior quebra produtiva na história do setor.
Com a menor produção de laranjas, a citricultura paulista registrou preços elevados durante 2020, mas a constante demanda da indústria pela matéria-prima conseguiu sustentar os valores para o restante do ano, iniciando 2021 com custo de R$ 25,63 pela caixa de 40,8 quilos.
Quebra de produção
Conforme o relatório produzido pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a quebra de safra de 2020/2021 é a maior registrada em termos percentuais desde 1988/1989. No total, a associação estima que a queda de produção deve atingir 30% nesta temporada, somando 269,36 milhões de caixas de 40,8 quilos.
A crescente demanda industrial, em contrapartida, foi responsável por diminuir a disponibilidade da fruta no mercado de mesa. Segundo o Cepea, diversos produtores preferiram direcionar seus produtos para a indústria pelo medo das incertezas econômicas geradas pela pandemia e por causa dos preços atrativos.
Na visão dos especialistas, a pandemia somada à estiagem foi responsável por impulsionar as cotações da laranja para os consumidores brasileiros em 2020, os quais viram o preço da fruta aumentar nos supermercados.
Exportações de laranja
Apesar de manterem um bom cenário em comparação com o aumento de preços no mercado interno, as exportações de laranja devem sentir o impacto da quebra produtiva nos próximos meses. Após registrar crescimento de 16% nas vendas totais de suco de laranja na safra 2019/2020, a análise feita pelo Itaú BBA prevê que as vendas externas serão comprometidas.
Para o consultor de agronegócios Cesar de Castro Alves, a queda produtiva já era esperada desde o ano passado e deve ser bem administrada caso as condições climáticas não interfiram mais uma vez. Segundo ele, a percepção sobre o aumento do consumo de suco de laranja durante a pandemia deve fazer com que os estoques globais do fruto diminuam e causar grande impacto no segundo semestre do ano.
Para o Fundecitrus, a situação só não foi mais agravante no Brasil porque 60% das laranjeiras produtivas ficaram menos expostas à seca por causa da colheita antes da pior fase da estiagem ou por estarem em pomares irrigados.
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Fonte: Brasil Agro, Destaque Rural, Fundicitrus.