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As geadas que aconteceram em julho no Brasil comprometeram os cafezais do Paraná, Minas Gerais e São Paulo, principais regiões produtoras do País. O desenvolvimento das lavouras de café já vinha sofrendo com a forte estiagem do ano passado e o frio somente agravou o quadro.
A previsão de quebra de safra devido aos eventos climáticos impulsionou a cotação no mercado internacional, já que os cafeicultores brasileiros responderam por 40% da produção e exportação global do grão em 2020.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que 21% da área total plantada com o café arábica sofreu algum tipo de dano causado pelo frio. Mesmo onde não ocorreu a geada, houve efeitos negativos invisíveis na fisiologia da planta que podem prejudicar as próximas floradas e a formação dos frutos.
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Comportamento do preço do café
Depois da colheita recorde de 63 milhões de sacas de café na temporada 2020/2021 no Brasil, o mercado já esperava um ano de bienalidade negativa, com menor produção, na safra atual. Com o aumento pela demanda da bebida durante a pandemia, o cenário já apontava para uma elevação da cotação do grão ao longo de 2021.
A quebra de safra causada pelas geadas colocou mais pressão sobre a cotação do café. No dia 26 de julho, o indicador Cepea/Esalq atingiu o maior preço diário desde janeiro de 2012, com a saca de 60 kg cotada em R$ 1.067,72. Em apenas um mês, entre 30 de junho e 30 de julho, o aumento do preço da saca foi de mais de 20%.
O conilon, que não foi afetado pela geada, acabou acompanhando a valorização do arábica. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 peneira 13 fechou o dia 30 de julho a R$ 580,56 a saca, um aumento de 16% em relação ao dia 30 de junho.
Perspectivas para o segundo semestre
O mercado continua apreensivo por conta da previsão de novas frentes frias com possibilidades de geadas até o final do mês de agosto. O tamanho do prejuízo causado pelas geadas só será conhecido no final de 2021, quando houver o dimensionamento do pegamento das floradas nos cafezais.
Especialistas apontam que a próxima safra do grão, que seria de ciclo alto, também pode estar comprometida. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa Café calculam que poderá haver uma redução entre 4 e 11 milhões de sacas no próximo ano.
Por conta das incertezas quanto ao volume de produção dos cafezais, o preço do grão deve continuar subindo nos próximos meses. A saca de 60 kg no contrato futuro para dezembro em Nova York estava cotada a R$ 1.237,45 no dia 4 de agosto, um valor pelo menos 20% superior ao valor de R$ 993,85 negociado no mercado à vista em São Paulo no mesmo dia, segundo indicador Cepea/Esalq.
Fonte: Radar Agro/Itaú BBA, Escritório Carvalhaes, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).