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Desde o início do ano, a Petrobras realizou 12 reajustes no valor do diesel vendido em suas refinarias. Até setembro, o combustível sofreu um aumento acumulado de 49%, mas a estatal afirma que seus preços ainda estão defasados em 7% em relação ao mercado internacional, o que indica um cenário de novas altas a curto prazo.
Nos postos de combustíveis, o litro de diesel teve um aumento de quase 24%, segundo levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com um sistema logístico altamente dependente do modal rodoviário, o impacto da elevação de preços do diesel é sentido em diversos setores da economia.
O grupo de transportes, afetado pela alta dos combustíveis, foi o principal impulsionador do recorde no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A inflação de 1,16% foi a maior para um mês de setembro desde a criação do Plano Real. Quando considerado apenas o setor de transportes, o índice chegou a 1,82% no mês.
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Frete no agronegócio
O agronegócio tem o custo de transporte mais caro do Brasil. De acordo com o Índice FreteBras de Preço de Frete (IFPF), em agosto de 2021, foi registrado um valor médio de R$ 1,02 por quilômetro rodado por eixo no setor agropecuário.
Ao longo de 2021, o preço médio do transporte nas principais rotas de escoamento de grãos subiu 13%, segundo estimativa do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Esalq/USP (Esalq-Log). Os custos com o frete podem recuar nos últimos três meses do ano, mas devem continuar elevados em comparação a 2020.
O diesel continua sendo o principal item que influencia o custo logístico na agroindústria. Além dos sucessivos aumentos do combustível, entre os outros motivos para a elevação do transporte, está a concentração de grãos provocada pelo atraso na janela da soja durante a safra 20/21. A desvalorização do dólar frente ao real também pressionou a elevação do custo do frete, pois aumentou a demanda do transporte da fazenda para os portos.
Impacto no bolso do consumidor
A elevação dos preços do diesel fez a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) reajustar a tabela de valores mínimos de frete no final de outubro. O custo com o transporte foi aumentado entre 4,54% e 5,90%, a depender do tipo de carga e veículo utilizado.
Porém, o reajuste do valor cobrado pelo frete pode ser ainda maior. Em algumas regiões, como o Vale do São Francisco, os valores cobrados para o transporte de alimentos dobraram. Os caminhoneiros cobravam R$ 2,50 para o transporte de uma caixa de frutas. Agora, o valor está a R$ 5.
Essa alta, em menor ou maior grau, será repassada ao consumidor e poderá provocar altas mais duradouras nos preços de alimentos. O transporte mais caro, associado a custos mais altos de insumos, tem comprometido a margem de lucro dos produtores rurais e muitos estão desistindo da produção de alimentos, o que deve reduzir a oferta de alguns produtos e provocar um efeito cascata de aumento de valores a longo prazo.
Fonte: Agência IBGE de Notícias, Revista Mundo Logística.