A safra 2019/20 deve registrar o recorde de 257,8 milhões de toneladas de grãos, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mesmo com a marca histórica, o preço de alimentos, como o arroz, vem subindo de forma rápida no Brasil.
Isso é causado pela desvalorização do real frente ao dólar, que torna o mercado externo mais atrativo do que o interno para os produtores e encara a importação de insumos. Além disso, a ausência de uma regulação de preços por meio de estoques obrigatórios fez com que o desequilíbrio no valor de mercado fosse ainda maior.
Outros fatores também são apontados como influenciadores na alta de preços, por exemplo a mudança de hábito de consumo dos brasileiros por conta da pandemia e a injeção na economia mais de R$ 154 bilhões.
Aumento das exportações
As exportações do agronegócio em julho representaram 51,2% no valor total exportado pelo Brasil. O setor vendeu US$ 10 bilhões no mês, o que representa uma alta de 11,7% em relação ao valor exportado em julho de 2019, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2019, os produtos agropecuários representavam 43% do total de exportações.
Se, de um lado, os países estão aumentando seus estoques por conta da pandemia causada pelo coronavírus; do outro, a valorização do dólar frente ao real incentiva os produtores a comercializar os alimentos no mercado externo.
As vendas para a China atingiram US$ 3,85 bilhões em julho, um aumento de 34% em comparação com o mesmo mês em 2018. Em maio, para se ter uma ideia, somente o mercado chinês comprou mais de 50% de toda a carne bovina produzida no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafigo) — item que teve aumento de 23,39% no preço médio se comparado ao período de janeiro a julho de 2019.
Reduções dos estoques obrigatórios
Os estoques regulatórios têm como objetivo regular o mercado interno, garantindo preço e a renda do produtor, atenuando as oscilações de preço ao comercializar alimentos na entressafra. Entretanto, essa política vem sendo reduzida desde 2016.
Em dezembro de 2015, o estoque de arroz, por exemplo, estava em 115 mil toneladas, de acordo com a Conab. No ano seguinte, esse número despencou para 88 toneladas. Em agosto de 2020, o estoque regulatório de arroz ficou apenas em 21,5 toneladas.
Outros produtos também tiveram seus estoques reduzidos, como mandioca, açúcar e café. No caso deste último, o estoque que chegou a alcançar 94 mil toneladas em dezembro de 2015 ficou em 31 toneladas em agosto de 2020. O estoque de açúcar, que era de 873 toneladas no final de 2013 ficou zerado a partir de 2017.
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Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento, Senado Federal, Agência Brasil e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).