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Uma das primeiras e mais preocupantes consequências da guerra na Ucrânia para o setor agropecuário no Brasil foi a possível interrupção no fornecimento de fertilizantes.
Rússia e Belarus, dois países diretamente envolvidos no conflito, são responsáveis por cerca de um quarto das importações desse insumo para o Brasil. Em vista disso, já nos primeiros dias de conflito, entidades ligadas ao agro começaram a buscar alternativas de fornecimento.
Além de novos exportadores, como Canadá e Irã, e da mineração industrial de fertilizantes inorgânicos em solo nacional, a utilização de adubos orgânicos ou organominerais aparece como uma alternativa bastante viável nessa crise.
Ela é citada em um dos itens do Plano Nacional de Fertilizantes, apresentado em meados de março pelo governo federal. O plano tem uma série de medidas para os próximos 28 anos, com objetivo maior de diminuir a dependência de insumos importados: a ideia é que apenas 45% dos fertilizantes venham de fora em 2050, ao invés dos 85% atuais.
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Vantagens e desvantagens dos fertilizantes orgânicos
Antes de tudo, é importante explicar que adubos orgânicos não têm capacidade de substituir totalmente os insumos minerais na maioria dos casos. A substituição completa é difícil porque a densidade de nutrientes tende a ser menor, além de ser variável, tornando sua aplicação mais complexa.
Em contrapartida, o nitrogênio da matéria orgânica é insolúvel, funcionando com uma liberação mais lenta e diminuindo a necessidade de reaplicações — bem como o risco de excesso de fertilização.
Além disso, eles trazem diversos benefícios para a saúde do solo, como melhora na estrutura, agregação e armazenamento de água. Eles costumam ser ricos em microrganismos, o que confere dinamismo ao solo e pode contribuir para a produtividade a longo prazo.
Em vista disso, o que se recomenda para a agricultura comercial é unir o adubo orgânico aos fertilizantes industrializados. Assim, é possível otimizar os benefícios de ambos e diminuir, pelo menos um pouco, o impacto da crise na produção.
Os principais tipos de fertilizante orgânico
Dito isso, vale refletir sobre as diferentes opções de fertilizantes orgânicos disponíveis para os agricultores brasileiros. Entre os principais, estão:
- Fertilizante simples: é o uso de uma única matéria orgânica, como restos de plantas ou esterco animal, para adubar a terra. Quando duas fontes de nutrientes orgânicos são misturadas, diz-se que esse é um fertilizante misto.
- Fertilizante composto: é preparado a partir da matéria orgânica, mas passa por algum processo físico ou químico, podendo também ser acrescido de outros agentes, sempre com objetivo de enriquecer o produto final.
- Fertilizantes organominerais: é o nome dado à mistura de adubos orgânicos com os insumos minerais industrializados.
- Compostagem: é uma das principais formas de produzir adubos orgânicos, passando resíduos orgânicos diversos, incluindo o lixo doméstico, por processos de decomposição.
Eles podem ser comprados já prontos, de fornecedores, mas também podem ser feitos dentro da propriedade, com “ingredientes” próprios. Esterco animal, restos de plantas, cinzas de madeira, lixo doméstico e até esgoto podem ser usados para fazer fertilizante orgânico.
O grande ponto de atenção, na maioria dessas opções, é fazer a compostagem correta para evitar a presença de agentes patógenos no fertilizante, que possam prejudicar as plantas. As quantidades e os métodos de aplicação podem mudar bastante, dependendo do tipo de adubo orgânico utilizado e da cultura em que será aplicado.
Fonte: eCycle, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Mais Soja, Governo Federal.