Empresas chinesas de comércio e processadoras de alimentos devem aumentar seus estoques de grãos e oleaginosas para se precaver contra possíveis efeitos de restrições causadas pela covid-19. Essa é a orientação recebida do Ministério do Comércio da China para produtores de alimentos, negociadores estatais e privados, segundo fontes ouvidas pela agência Reuters.
O governo da potência oriental teme que as linhas de suprimentos globais de produtos como soja, óleo de soja e de milho possam ser interrompidas pelo aumento da taxa de infecção por coronavírus na América do Sul, em especial no Brasil. Também há receio dos impactos de uma possível segunda onda da pandemia no país asiático.
Nas últimas semanas, o conglomerado agrícola estatal COFCO, maior processador, fabricante e comerciante de alimentos da China, aumentou as compras de soja e milho dos Estados Unidos. O país também aumentou as cotas de importação de grãos para os principais compradores chineses, o que torna possível novas compras no mercado internacional.
Queda nas exportações para a China
A economia chinesa recuou 6,8% no primeiro semestre, mas já começou a dar sinais de recuperação após o êxito com o controle epidêmico. Na contramão, as exportações brasileiras de soja para o mercado oriental apresentaram redução em março e abril, apesar de registrarem recorde histórico no primeiro quadrimestre do ano. A queda aconteceu pela ocorrência de fortes chuvas no Brasil e pela diminuição de disponibilidade de mão de obra, um reflexo das medidas de restrição para conter a disseminação do novo coronavírus.
Com a redução nos embarques do grão, o estoque chinês de soja registrou baixa recorde. As vendas do produto para o país asiático ainda não se recuperaram, o que levou as autoridades de Pequim a ficarem preocupadas com possíveis novas interrupções.
Aumento de taxa de infecção por coronavírus no Brasil
O Brasil está entre os dez países que apresentam maior crescimento da disseminação do novo coronavírus, de acordo com estudo realizado pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), formado por pesquisadores de diversas instituições científicas e acadêmicas, como o Instituto do Coração (InCor) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O grupo analisou taxas de infecção por covid-19 em 40 países, utilizando o padrão da base de dados da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos. O estudo considerou como dia 1 da epidemia em cada local a data do registro de 50 casos de contaminação por coronavírus.
Em média, a taxa de crescimento caiu de 4,3% diários no 33º dia para 1,6% no 53º dia do surto. No Brasil, a taxa de crescimento não apresentou redução significativa, como nos demais países. No início do período comparado, a taxa era de 7,8%, tendo caído para 6,7% no dia 53.
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Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Reuters.