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A cada safra, a agricultura recebe ajuda financeira do governo federal e de outras receitas para auxiliar nos custos de produção. No entanto, as últimas informações apontam que o valor destinado à agricultura pode não ser suficiente para diminuir os efeitos com as despesas e os investimentos no campo.
Uma agricultura de desafios
A jornada produtiva continua desafiadora: o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) calcula uma “fatia” de 27,4% no Produto Interno Bruto (PIB) movimentado pela agricultura. Entretanto, nos últimos anos, o setor agrícola vem experimentando quebras de safra que podem surtir efeitos na economia.
O presidente da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), Dilvo Grolli, explica que Mato Grosso do Sul e a Região Sul contabilizaram, só na safra 2021/2022, uma perda de 15 milhões de toneladas de grãos.
Nesse sentido, o aumento nos custos da produção, sobretudo de fertilizantes e combustíveis, em decorrência da guerra entre Ucrânia e Rússia, bem como a estimativa de um terceiro fenômeno La Niña, segundo estimativas da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), colocam ainda mais incertezas no setor.
Com a taxa básica de juros brasileira — do Sistema Especial de Liquidação de Custódia (Selic) — a 11,75%, o crédito rural fica mais caro, o que gera dificuldades para os investimentos destinados ao campo. Diante desse cenário, os produtores rurais estão à espera de um apoio que traga segurança para quem produz alimentos destinados à população.
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Vai fechar a conta da safra?
A preocupação para produzir está no aumento da taxa de juros e na inflação, que segue progredindo. O plano safra vigente, que se encerra em 30 de junho, recebeu um total de R$ 251 bilhões em recursos para créditos de financiamentos e comercialização da produção.
Para a safra 2022/2023, Grolli estima que seja necessário R$ 75 milhões (30%) a mais do que o orçamento cedido ao Plano Safra 2021/2022. “O custo do óleo diesel, que subiu violentamente, […] está chegando a 45% no valor do transporte. Nas safras anteriores, estava a 35%. Esse mesmo custo está nas operações de plantio e colheita também”, comentou o presidente.
Um total de 24,7 bilhões, que seriam destinados ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e ao Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foi bloqueado por três meses por falta de recursos do governo. Isso fez que muitos produtores procurassem por financiamentos privados a juros altos, já que a agricultura não pode parar e eles não podem esperar que as condições financeiras melhorem.
Plano Safra 2022/2023
Se o plano safra vigente já enfrenta alguns desafios, pensar no de 2022/2023 é algo tem preocupado os agricultores. As taxas de juros do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) estavam entre 3% e 8,5%, mas, com a taxa Selic próxima a 12%, caso não haja um aumento nos recursos destinados à agricultura, o produtor rural pode não conseguir quitar as contas. O momento exige cautela e um planejamento bom para a próxima safra.
A estimativa de crédito a ser liberado pode ajudar alguns produtores, no entanto não resolve o problema do setor como um todo. Apesar dessas implicações, o campo vem se desenvolvendo bem com a segunda safra de milho e as culturas de inverno.
Fonte: Cepea/Esalq-USP, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA)