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Cardápio forrageiro: estratégia para nutrir rebanhos mesmo com a seca

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A água é indispensável para o agronegócio — 72 litros a cada 100 litros de água consumidos no Brasil vão para esse setor, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA) —, de maneira que estiagens prolongadas são extremamente preocupantes para os produtores. Uma das áreas mais afetadas pela falta de chuvas é a pecuária: sem água não há pasto. A boa notícia é que existem alternativas para essa situação, como a estratégia batizada de cardápio forrageiro, divulgada recentemente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O modelo foi criado a partir de estudos realizados em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). As pesquisas, que começaram em 2017, tinham como foco a região do semiárido nordestino, onde fica a Embrapa Caprinos e Ovinos, sediada no Ceará. Contudo, as descobertas da equipe também podem ser muito úteis para produtores da Região Sul do Brasil, que estão sofrendo há meses com uma estiagem que se prolonga.

Seca afeta severamente a pecuária. (Fonte: Unsplash)

Análises do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) indicam que as chuvas nesse estado estão pelo menos 33% menores que a média histórica, com registros iniciados em 1998. No Rio Grande do Sul, 69% dos municípios já decretaram situação de emergência por causa da seca. Em Santa Catarina, um relatório da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) mostra que a produção foi severamente afetada em 31,1% dos municípios.

Esse último estudo aponta um dos principais motivos pelos quais a seca afeta a pecuária: com as pastagens degradadas, os produtores precisam suplementar a alimentação dos rebanhos com ração. Nesse contexto, a proposta de cardápio forrageiro da Embrapa é uma alternativa para manter o trato com pasto mesmo em épocas de estiagem.

Como funciona o cardápio forrageiro

Basicamente, a ideia é combinar diversas plantas para formar a alimentação dos animais, com diferentes características, ciclos de crescimento e estratégias para sobreviver à falta de chuvas. É possível combinar espécies de capim com cactáceas, por exemplo, que são ainda mais resistentes à seca e mantêm seu valor nutritivo mesmo depois de certo tempo de plantio. Já sorgo ou milho podem ser usados para a fabricação de silagem, que também é armazenada.

Além dos benefícios do consórcio entre espécies, os produtores têm uma garantia a mais para a alimentação dos rebanhos. “Por mais que uma espécie se destaque, não podemos trabalhar somente com ela. A diversificação ajuda a minimizar os riscos”, explica a assessora técnica da CNA, Ana Carolina Mera Fugimoto.

Pesquisadores estão testando diversas espécies. (Fonte: Embrapa/Reprodução)

Segundo a Embrapa, a construção do cardápio depende de diversos fatores, como o tipo de solo e a quantidade de chuvas na região. A instituição pretende criar um simulador, no qual os pecuaristas vão inserir seus dados para receber recomendações personalizadas. A expectativa é que o projeto seja finalizado até 2021.

Enquanto isso, algumas plantas têm se mostrado promissoras nas pesquisas realizadas. Entre elas está o capim Buffel aridus, já conhecido dos produtores do semiárido nordestino, mas também espécies menos populares, como piatã e quênia. Entre os sorgos, destacam-se as variedades ponta negra e 658, que mostraram boa resistência à falta de água nos testes da Embrapa e da CNA. A equipe também observa que o milho é uma cultura menos eficiente do que alternativas como sorgo para contextos de estiagem, por precisar de água em várias etapas da produção.

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Fonte: Epagri, Agência de Notícias do Paraná e Embrapa.

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