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Produção de vinho na França é prejudicada por geada intensa

South Moravia, Czech - January,07 2020: Frost Winter Rows Of Famous Vineyards. Perfect Agriculture Landscape With Grape Vines In Cold Season. Initial Stage Winemaking Process. Vine Row And Dry Tree.

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A França, um dos principais produtores de vinho do mundo, acaba de sofrer uma catástrofe climática que atingiu 80% dos vinhedos do país, de acordo com estimativa da Comissão Nacional das Interprofissões para os Vinhos com Denominação de Origem e Indicação Geográfica (Cniv). No início de abril, uma onda tardia de temperaturas negativas provocou a geada mais intensa dos últimos 50 anos nas principais regiões produtoras francesas.

Viticultores calculam que o fenômeno pode causar queda de 50% no faturamento do setor em 2021. Sendo assim, existe a previsão de diminuição da oferta de vinho no mercado francês, levando à necessidade de aumento de importação. Ainda assim, a noção real do estrago será conhecida até julho, quando deve ser finalizada a colheita das uvas.

A situação foi tão extrema que levou o Ministério da Agricultura francês a decretar estado de calamidade agrícola. A preocupação do governo local é que a adversidade climática leve a uma diminuição de áreas de plantação das videiras.

Como a geada atinge a produção de vinho

Geada tardia na primavera atinge folhas e ramos que crescem após o inverno e pode levar a videira à morte. (Fonte: Shutterstock/Shutterstock/Jenell Kasper/Reprodução)

As geadas fora de época são um grande problema para os parreirais e, consequentemente, para a produção de vinho. Em 2015, o fenômeno climático causou danos em até 50% nas videiras da região norte e da serra no Rio Grande do Sul. Dois anos depois, a intempérie provocou prejuízo nas plantações de uva da Itália.

As videiras têm proteção natural contra o frio e normalmente ativam um estado de dormência no outono, perdendo as folhas e diminuindo seu metabolismo para suportar temperaturas de até -35 °C. Na primavera, as plantas brotam e dão novos ramos, mas esses tecidos verdes não suportam temperaturas negativas. Quando uma geada acontece na fase inicial do crescimento, as partes com maior concentração de água nas células, como folhas novas e ápices dos ramos, são mais atingidas pelo congelamento e se ficam amareladas e necróticas.

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Prevenção da geada

Mesmo utilizando várias técnicas, os franceses não conseguiram escapar dos estragos provocados pela geada de abril. (Fonte: Shutterstock/elmar gubisch/Reprodução)

Os efeitos negativos da geada podem ser minimizados com um planejamento adequado do local, da época do plantio e da semeadura para evitar a ocorrência de temperaturas mais baixas em momentos em que a videira não suporte o frio. Além disso, técnicas como nebulização artificial da atmosfera, ventilação forçada e uso de coberturas protetoras podem amenizar os efeitos do evento climático na plantação.

A maioria dos vinicultores franceses que enfrentaram a geada de abril utilizou uma prática tradicional para conter os efeitos da intempérie: acender fogueiras ou velas perto de vinhas com o objetivo de evitar a formação de gelo. Isso causou um alerta do órgão regional de monitoramento da qualidade do ar para a região sudeste da França por causa da poluição por partículas finas induzidas pelo fogo.

Outros produtores usaram máquinas eólicas para dispersar a formação de gelo e aspersores de água para criar um revestimento fino de gelo para atuar como um mini-iglu nas plantações. Entretanto, a geada foi tão intensa que nenhuma dessas medidas teve grande sucesso.

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Fonte: La Tribune, Libération, Ouest France, Agrosmart. 

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