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Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, dezenas de países ocidentais estão impondo uma série de sanções econômicas à Rússia e a Belarus (país aliado). O objetivo, em resumo, é pressionar os líderes desses países a recuar no conflito, fazendo que os prejuízos econômicos se tornem mais incômodos do que uma desistência no front.
Mesmo assim, qualquer sanção a uma economia enorme como a russa gera consequências para países que não estão envolvidos na guerra, como o Brasil. Além da bastante discutida questão dos fertilizantes (cujos preços estavam aumentando desde o ano passado no mercado internacional) e dos combustíveis, as reprimendas diplomáticas aos russos têm desdobramentos amplos no agronegócio brasileiro; os mais importantes estão ligados à exclusão dos bancos do país europeu da Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (Swift).
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Impossibilidade de pagamentos por importações
O sistema Swift permite que instituições de diferentes lugares se comuniquem e mantenham relações comerciais. Mais de 11 mil companhias de 200 países fazem parte da organização, e a exclusão da Rússia impede que os pagamentos por importações cheguem às empresas do país europeu.
Na prática, ainda que um brasileiro conseguisse encomendar uma carga de fertilizantes russos, não poderia pagar por ela. Mesmo cargas que já estavam a caminho ou chegaram aos portos daqui podem ficar retidas por falta de pagamento — possivelmente incorrendo em juros. De acordo com uma coluna publicada em março pelo Estadão, os custos de transações com empresas russas podem aumentar 20% por conta da retirada da Rússia do sistema SWIFT.
Dificuldade no transporte de cargas
Embora seja a consequência mais importante, a exclusão russa do sistema bancário internacional não é a única que impacta diretamente o agronegócio brasileiro. Devido às sanções, diversas das mais importantes companhias de logística internacional anunciaram a total interrupção dos transportes de contêineres para a Rússia.
Dessa forma, nenhuma carga será recolhida ou entregue nos portos do país — sendo outro impedimento para que eventuais cargas de fertilizantes venham para o Brasil. Mais do que isso, os vários outros produtos que a Rússia fornecia ao mercado internacional, como grãos e petróleo, também vão ficar em falta, pressionando os preços.
Do lado das exportações, o problema é menor: a Rússia é apenas o 35º destino para produtos brasileiros no mundo, então o que ela deixa de comprar pode ser redirecionado para outros locais sem grande dificuldade. De todo modo, os reflexos das sanções já podem ser notados no setor — e devem se tornar cada vez maiores, conforme o conflito continuar.
Fonte: Estadão Política, E-Investidor.