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O surgimento de novas cepas de peste suína africana (PSA) tem causado problemas para os produtores de carne suína na China. A doença, que dizimou 60% dos rebanhos de porco nos últimos três anos, tornou-se responsável por uma recuperação mais lenta do que o esperado pelos produtores e deve gerar impactos diretos no mercado internacional de grãos e de proteína animal.
Durante nova análise, as autoridades detectaram mais de mil suínos contaminados por duas novas cepas de PSA nas criações da New Hope Liuhe — quarta maior produtora de carne suína da China. Segundo os dados revelados pelo Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais chinês, os novos casos de infecção no país são os primeiros desde outubro de 2020 e podem ter sido desencadeados pelo uso de vacinas irregulares.
Particularidades das novas cepas
Apesar das novas cepas de PSA não apresentarem as mesmas taxas de letalidade do que a epidemia que devastou as produções de carne suína na China em 2018 e 2019, os cientistas afirmam que elas são responsáveis por causar uma doença crônica que reduz o número de leitões recém-nascidos saudáveis.
Portanto, o novo surto da peste acaba comprometendo os rebanhos para um futuro próximo. Além disso, a New Hope e outras grandes produtoras chinesas têm o hábito de sacrificar os porcos infectados para impedir uma maior propagação da doença, o que acaba tornando as novas cepas fatais de qualquer forma.
Por mais que o número de animais infectados ainda seja considerado baixo até o momento, existe um receio de que a PSA possa voltar a se espalhar pela China e acabar reduzindo a produção de carne suína do maior produtor e consumidor do produto no mundo todo.
Uso de vacinas irregulares
As descobertas publicadas no Chinese Journal of Veterinary Science indicam que o surgimento de novas cepas da PSA em território chinês possa ter sido causado por meio do uso de vacinas irregulares em rebanhos de porcos espalhados pelo país.
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Na visão dos pesquisadores do Instituto Veterinário Militar de Changchun, esse fator parece gerar uma tendência de uma doença menos fatal, mas com sintomas clínicos de difícil detecção e controle. Mesmo que não exista uma vacina aprovada contra PSA, muitos produtores chineses optaram pelo uso de produtos não autorizados para tentar proteger seus rebanhos.
Apesar das evidências da influência da ação humana no surgimento de novas cepas, os cientistas também ressaltaram que o surgimento de variantes naturais seria inevitável de qualquer forma, visto o longo período de circulação da peste pelo país.
Impacto do mercado internacional
Conforme os dados apresentados pela multinacional bancária Rabobank, a previsão de crescimento da produção de carne suína na China para 2021 foi rebaixada de 15% para 10%, evidenciando os possíveis danos gerados pelas novas cepas na região. Se por um lado o mercado chinês está desestabilizado, quem pode ganhar espaço é o Brasil.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de carne suína devem presenciar um aumento notável para os próximos meses. Os especialistas destacam que, como a China não tem conseguido repor seus estoques no prazo previsto, o país asiático acaba sendo forçado a comprar o produto de fontes internacionais.
Além disso, os chineses têm sofrido forte pressão para fortalecer a segurança alimentar durante a pandemia de covid-19. Anualmente, eles produzem cerca de 51 milhões de toneladas de carne suína, mas a PSA fez com que a produção apresentasse queda de 20%, em 2019, e 23%, em 2020.
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Fonte: Money Times, Suíno Cultura Industrial.