José Luiz Tejon
Robson Morelli, em um ótimo texto para o Estadão (para assinantes), abordou que até a seleção brasileira está dividida. Os que torcem por um candidato não querem torcer para o candidato do Neymar, e vice versa.
E o agronegócio brasileiro da mesma forma está dividido. Um elo da cadeia produtiva, a agropecuária, fortemente Bolsonaro. E outros elos dos setores industriais comerciais e de serviços com relações internacionais em que comunicação, imagem e meio ambiente são exigências para os negócios doravante, ou são neutros não demonstrando seus votos, até por regras internas de não se envolverem com a política partidária do País, ou declararam o voto em Lula.
Entretanto, assim como a seleção brasileira não poderia ter divisão, pois significa a união da nação, o agronegócio também não permite divisão. Agronegócio exige e exigirá sempre uma abordagem sistêmica. A soma dos elos desde a ciência até o consumidor final de alimentos, incluindo o comércio, serviços, a indústria e produtores rurais. Agronegócio só funciona quando jogamos juntos e não divididos.
Pedi exatamente ao mestre de todos os mestres do agronegócio mundial, o prof. Ray Goldberg, que me enviasse uma mensagem aos líderes, uma mensagem para ouvirmos e considerarmos pensando no que vamos fazer a partir do próximo dia 1° de janeiro.
E aqui a mensagem traduzida, do criador do conceito de agribusiness, do qual aprendemos a falar agronegócio: “Precisamos unir um mundo dividido em que muitos políticos tentam nos separar. O sistema alimentar significa vida e saúde e tem uma chance de mostrar ao mundo e líderes que podemos trabalhar juntos. Precisamos unir o nosso mundo assim como agronegócio é uma união do sistema alimentar. Um mundo mais limpo. Nossos homens e mulheres precisam trabalhar juntos. Precisamos de uma educação multidisciplinar doravante. Precisamos de uma liderança que una o mundo, assim como união é o único caminho para o futuro do sistema agroalimentar e da evolução da cidadania. Aos jovens essa vital missão será o seu legado para o futuro da humanidade”.
Dividido não chame mais esse sistema de agronegócio, pois esse conceito não permite divisão entre suas partes e, sim, coordenação.
Mas não podemos fazer mais como no futebol, exportar jogadores e não saber vender o espetáculo. A seleção brasileira é praticamente toda de jogadores que não jogam mais no Brasil. No agronegócio, precisamos vender saúde, prazer, sabor, pois ninguém consome commodities, mesmo que você as venda. Originação, “terroir” do país, agregação de valor precisa ser nossa meta para dobrar ombro brasileiro de tamanho nos próximos 10 anos.
Hora de planejamento estratégico, sensatez e lucidez. A divisão interna é o maior dentre todos os inimigos do Brasil.