A fusão e aquisição de distribuidoras e revendedoras de insumos é um movimento que pode ser considerado tendência na agroindústria para 2020. No início deste ano, a maior produtora de potássio do mundo — a empresa canadense de fertilizantes Nutren — anunciou a compra da rede de distribuição de insumos Agrosema Comercial Agrícola, sediada no município de Elias Fausto-SP (localizado a 130 quilômetros da capital paulista). No final de 2019, a gigante agroexportadora Bunge comprou a revenda Agrofel Grãos e Insumos do interior do Rio Grande do Sul.
Movimentações como essas colocam o agronegócio brasileiro em evidência para os investidores nacionais e estrangeiros. De acordo com projeção da PwC, uma das maiores consultoras de dados do mundo, fusões e aquisições de empresas do setor agro no Brasil devem ter em torno de 15% de aumento em 2020. Além disso, os dados indicam que ao menos 270 movimentações dessa natureza aconteceram nos últimos cinco anos, das quais 130 envolveram grandes empresas internacionais que vieram ao Brasil e adquiriram negócios locais. A atratividade é baseada nos índices de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e no histórico fortalecido do segmento no Brasil, auxiliado também por uma baixa taxa de juros.
Outros fatores que contribuem para o fortalecimento desse cenário de aquisições é a baixa concentração de empresas na área da distribuição de insumos somada ao fato de quase todas elas, no Brasil, são negócios familiares. Muitas delas não se sofisticaram em termos de administração e governança e, por essa razão, o olhar dos investidores é atraído pela possibilidade de grande margem para negociações.
Outro elemento que justifica tais aquisições é o fator estratégico permitido pelo acesso a informações de produtores e da evolução de suas lavouras. Dados como esses são valiosos nas avaliações de risco de crédito, além de antecipar volumes de produção e, assim, compreender e prever os caminhos que o mercado deverá tomar.
Dificuldades para fusão e aquisição na agroindústria
As principais dificuldades desse contexto são as de cunho burocrático, uma vez que as exigências de governança e o compliance dessas gigantes em relação às empresas familiares, que são adquiridas, se configuram como um grande desafio para advogados e departamentos jurídicos que intermediam os trâmites contratuais de fusão ou compra.
Em contrapartida, o momento atual do mercado ainda sinaliza para certa agilidade desses processos em relação às análises de aprovação dessas grandes operações pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Mas este cenário não deve ser o único a movimentar a agroindústria no Brasil. Estima-se que 2020 seja um ano de retomada de investimentos e de recuperação de alguns mercados do setor agropecuário que sofreram mais com as consequências da crise econômica dos últimos anos. Isso torna a realidade ainda mais favorável para movimentações de fusão ou aquisição, que pode ficar mais aquecida com as promessas de modernização do crédito no Agro feitas pelo governo brasileiro na atual gestão.
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Fonte: Brasil Agro