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Estados Unidos autoriza a comercialização de carne feita em laboratório

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Duas companhias norte-americanas fizeram história ao receber autorização para comercializar carne produzida em laboratório. Os produtos não são veganos ou vegetarianos, mas uma carne produzida a partir de células animais cultivadas em laboratório. A aprovação da comercialização pode revolucionar a indústria alimentícia, mas ainda falta muito para que se alcance a produção em larga escala.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aprovou, no final de junho deste ano, a venda de carne produzida em laboratório pelas empresas Upside Foods e Good Meat. Ambas são sediadas na Califórnia e passaram por extensivos testes antes da liberação da venda de seus produtos.

Como é produzida a carne em laboratório?

Segundo comunicado da Upside Foods, a carne é produzida por meio de células retiradas de animais, em um processo similar a uma biópsia, ou a partir de ovos. Depois disso elas são cultivadas em um tanque de aço inoxidável, chamado de biorreator, no qual as células são mantidas em uma solução que contém nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento, como carboidratos e aminoácidos. 

Alimentadas nesse ambiente, as células se reproduzem rapidamente e se tornam músculo, gordura ou tecido conectivo. O controle do formato e do tipo de carne alcançado é elaborado por meio da seleção das células e da aplicação de determinados nutrientes na solução.

Polêmicas da carne feita em laboratório

A aprovação e a chegada das carnes de laboratório ao mercado causaram uma série de polêmicas. Apoiadores louvam a empreitada principalmente pelos benefícios ambientais. O produto não depende da pecuária, que pode ser extremamente nociva ao meio ambiente ao causar desmatamento e gerar alta taxa de metano. Assim, a carne de laboratório seria muito mais sustentável para o planeta a longo prazo.

Por outro lado, críticos do produto afirmam que faltam testes e que ainda não há meios de saber se podem haver subprodutos alergênicos e até cancerígenos.

Carne de laboratório pode ser uma maneira de combater impactos ambientais da pecuária. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Testes de carne feita em laboratório

Em novembro de 2022, a Upside Foods, uma companhia do grupo Virgin, foi a primeira a receber a autorização do U.S. Food and Drug Administration (FDA) para realizar os testes para a carne cultivada. Agora o USDA concedeu a selo de aprovação para a Upside Foods e para a Good Meat. Isso significa que as empresas demonstraram que todo o processo produtivo está em conformidade às normas e regulações de segurança alimentar da categoria.

Como os primeiros produtos são produzidos por meio de células de galinha, as normas são as mesmas para qualquer empresa que venda carne de aves. As aprovações do FDA e do USDA garantem que os produtos são seguros para o consumo humano.

Limites do mercado

Em um primeiro momento, os produtos serão restritos a alguns restaurantes e não devem ser vendidos no varejo. A Upside Foods e a Good Meat procuram formas de desenvolver a carne de laboratório em maior escala, para poder competir no mercado de carnes. 

Por enquanto, o difícil processo produtivo torna a carne de laboratório muito cara. Por isso, os produtos devem ser destinados a restaurantes sofisticados, onde o apelo tecnológico e ambiental deve fazer que o preço seja melhor tolerado.

A aprovação das empresas abre espaço para que novas companhias entrem no mercado da produção de carne de laboratório. A popularização dos processos pode, a longo prazo, garantir que os produtos se tornem competitivos e com preços mais próximos das carnes comuns.

Apesar da notícia ser relevante, várias empresas do mundo já fazem experimentos para alcançar produtos similares, inclusive com outras carnes como bovina, de porcos e até de peixes. Estima-se que existam cerca de 150 empresas e startups no segmento de carne de laboratório, inclusive no Brasil, onde a JBS e BRF já investem em algumas. Os Estados Unidos são o segundo país a liberar esse tipo de produto, a comercialização de carne produzida em laboratório já é legalizada em Singapura desde 2020.

Fonte: Reuters, NewFood Magazine, NY Times, Upside Food – Instagram
Virgin, Capital Reset

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