A Embrapa Agroenergia, em parceria com a Haka Bioprocessos, iniciou uma pesquisa promissora que poderá resultar na produção de diesel verde a partir de resíduos de carcaças de aves. Como foco principal, pesquisadores buscam solução sustentável com composição próxima à do diesel convencional, que é produzido com base no petróleo.
De acordo com a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Itânea Soares, em entrevista ao site da instituição, o projeto terá duração de cerca de dois anos. Ela afirma que o estudo é um processo visionário e promissor, pois pretende agregar valor a um resíduo já produzido, encontrando uma solução de descarte verde sustentável para o setor energético brasileiro.
Como será o processo de produção do diesel verde de carcaça de aves
Os pesquisadores envolvidos no projeto farão processos completos, como a caracterização dos componentes químicos da matéria-prima escolhida, o pré-tratamento desses compostos, a hidrogenação e o beneficiamento do produto final, o diesel verde. Soares explica que o método de hidrogenação é usado para gerar hidrocarbonetos parafínicos, que dão a característica principal desse diesel renovável.
O produto resultante deixará o diesel verde semelhante ao de petróleo, o que trará mais estabilidade e maior poder calorífico quando comparado ao biodiesel. Ao fim do projeto, os pesquisadores classificarão o diesel de ossos de aves de acordo com suas características principais, como poder calorífico, viscosidade e densidade.
Diesel verde na matriz energética brasileira
O setor energético brasileiro não tem em sua matriz combustíveis renováveis. Em uma audiência pública de setembro de 2020, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) colocou em pauta a regulamentação de qualidade e comercialização do diesel verde no País.
De acordo com o fundador da Haka Bioprocessos, Cyro Calixto, em entrevista à Embrapa, a produção de biocombustível de carcaça de aves beneficiará não só a matriz energética brasileira, mas também o agronegócio e os criadores de aves. “Com o diesel verde a partir de ossos, estaremos inserindo a cadeia de proteína animal como importante agente na transição energética para uma economia de baixo carbono, oferecendo combustíveis e insumos renováveis para a agricultura e promovendo a economia circular para a descarbonização das suas atividades“, afirma Calixto.
Após a regularização para comercializar o diesel de ossos de aves no Brasil, o produto deverá ser adicionado ao diesel de petróleo, que já é composto obrigatoriamente por 12% de biodiesel. Sendo assim, o mercado terá uma mistura ternária, composta por três tipos de produtos. “Esse projeto será um legado de longo prazo para o agronegócio brasileiro. Nossa expectativa é também levar essa tecnologia para os principais produtores de proteína animal, como Europa e Estados Unidos, colocando a solução na pauta de exportações nacionais, consolidando a vocação brasileira para a inovação tecnológica no campo”, finaliza Calixto.
Fonte: Clima Tempo.