As fintechs vieram para ficar: essa é a conclusão do relatório Global FinTech Adoption Index 2019, da consultoria EY, presente em 29 países. Segundo dados da empresa, as startups de gestão financeira já ganharam 77% dos brasileiros (índice maior que a média mundial), uma tendência em crescimento, com potencial de se popularizar fora dos grandes centros e impactar até quem vive no campo.
A pesquisa da EY revela que se espera um crescimento do nicho entre os consumidores de áreas rurais. De fato, as fintechs oferecem alternativas importantes para esse setor, desde linhas de crédito mais vantajosas sem exigência de garantias, como nos bancos comuns, pois têm como prática a não cobrança de taxas e anuidade, até a transformação da forma como as pessoas nesse contexto se relacionam com as finanças.
Mais controle
É comum que produtores rurais e trabalhadores do campo tenham mais de uma conta, em diferentes bancos e modalidades. Pensando em demandas assim, os aplicativos Guiabolso e Mobills, por exemplo, permitem visualizar todos os registros bancários na mesma plataforma, identificando entradas e saídas e operando-as em conjunto.
A fintech Olivia também oferece essas possibilidades. Uma vez instalado, o aplicativo monitora os gastos pessoais, mapeia as áreas de maior gasto e sugere outras opções de consumo, ajudando o produtor rural a organizar sua vida financeira.
A Rebel também é uma alternativa. Criada em 2017, a empresa já aparece como consolidada no ramo de acesso a crédito, tendo angariado investimentos de mais de R$ 200 milhões no último ano para ampliar os serviços, oferecendo juros competitivos em empréstimos pessoais de R$ 1 mil a R$ 25 mil com transações totalmente online. É uma boa opção para quem está fora do eixo urbano.
Agricultura 4.0
Como todo nicho de negócio, o ramo agro tem sua própria dinâmica, movimentando bilhões de reais por ano no Brasil. Com base nessa demanda, a fintech Acerto Fácil criou o primeiro aplicativo de venda de animais vivos. A ferramenta não cobra mensalidade e tem como meta ser o PagSeguro ou o PayPal do agronegócio; para isso, a plataforma foi pensada para atender desde proprietários até leiloeiros.
Outra ferramenta dedicada ao mundo agro é a Trave, fintech referência de acesso a crédito nesse ramo. O aplicativo oferece empréstimos aos agricultores usando inteligência artificial e Big Data. Fatores como tempo na agricultura, potencial de crescimento do negócio, localização, qualidade da terra e expectativa climática são levados em conta para calcular a probabilidade do valor a ser pago e, dessa forma, poder oferecer juros mais baratos sob um risco calculado.
Ainda entre as fintechs específicas para o setor agro, destaca-se a Solinftec, fundada em 2007, uma das veteranas da área. Com o objetivo de gerenciar os recursos do negócio de forma unificada — nos termos da companhia, “máquinas, pessoas e informações conectadas por uma plataforma única” —, tem dispositivos embarcados e softwares web que trabalham com o princípio da conectividade.
Esse conceito também alimenta a Bart, startup que tem um modelo de mediação de negócios, o barter, que reduz em aproximadamente 70% o tempo das transações no agronegócio e oferece segurança a partir do uso de blockchain, uma espécie de registro público de transações. E a plataforma está desenvolvendo outras ferramentas, como monitoramento das lavouras via satélite, para que o vendedor possa acompanhar a produção em tempo real e não faltem informações para tomar a melhor decisão em cada momento.
Existem também as fintechs desenhadas para o mundo das cooperativas. A Senior e a Brascard desenvolveram a Carteira de Identidade Empresarial Rural, já adotada pela Cotrimaio, do Rio Grande do Sul. A ideia é que o aplicativo, além de garantir a segurança das informações, permita gerenciar a distribuição de crédito para os cooperados e sirva como forma de pagamento entre centenas de negócios que sustentam a cooperativa, como supermercados, postos de gasolina e lojas agropecuárias. Além disso, a empresa permite que o produtor organize sua propriedade (cronograma de plantio, estoque, vendas, entre outros) e empreste parte da renda mobilizada nesse sistema para outros empreendedores locais.
Fontes: Startagro; Estadão