Qual é a importância da sanidade animal?

6 de abril de 2020 4 mins. de leitura
A sanidade animal envolve um trabalho de prevenção, planejamento e cuidados para melhor produtividade

Com o passar dos anos, os criadores perceberam que as boas práticas de manejo que visam ao bem-estar animal podem representar, ao contrário do que se pensava, um menor custo de produção em longo prazo. A saúde dos animais é fundamental para uma boa produção pecuária, tanto na qualidade quanto na quantidade. A sanidade animal envolve um trabalho de prevenção, planejamento e cuidados com a qualidade de vida dos rebanhos, para que produção seja maior e melhor.

Os animais só atingem o máximo de seu potencial genético quando têm à disposição nutrição de qualidade e adequada a cada fase do seu desenvolvimento, bem como cuidados apropriados, conforto ambiental e respeito ao comportamento natural e à saúde mental.

Animais saudáveis garantem a qualidade da cadeia do setor pecuário no contexto nacional e internacional e ainda protegem a saúde pública e o meio ambiente. A incidência de surtos como febre aftosa, mal da vaca louca e gripe aviária causa prejuízos ao comércio mundial e preocupação à saúde pública, além de evidenciarem a importância do cuidado com a saúde animal.

Princípios de sanidade animal

(Fonte: Shutterstock)

Cada espécie animal tem seu metabolismo próprio, por isso cada sistema produtivo tem técnicas de manejo diferentes. Mas os princípios da sanidade animal são comuns a todos os tipos de rebanhos. O Comitê de Bem-Estar dos Animais de Fazenda (FAWC) do Reino Unido foi o primeiro órgão a divulgar linhas gerais sobre o mínimo aceitável para o tratamento animal nas fazendas.

Segundo o órgão, os animais devem estar livres de medo e estresse; de sede e fome; de qualquer desconforto; de dor, injúrias e doenças; e ainda, livres para expressarem seu comportamento natural. O bem-estar, portanto, requer um manejo responsável de animais, com condições de vida adequadas, prevenção de doenças, manuseio e transporte atenciosos e abate com menos sofrimento.

A conquista de altos padrões de bem-estar animal requer não causar sofrimento desnecessário e atender a algumas necessidades, mas não todas, do animal. Alguma dor e angústia são inevitáveis na pecuária, com o conhecimento e as práticas atuais. O encaixe da cauda dos cordeiros para minimizar o risco de ataque de moscas e o corte de bico das galinhas poedeiras são exemplos disso. Mas o objetivo da sanidade ambiental é minimizar a ocorrência de situações de sofrimento.

Contato é essencial para reduzir estresse animal

(Fonte: Shutterstock)

O manejo de animais por isolamentos é uma das formas comuns utilizadas pelos pecuaristas para aumentar a produtividade e reduzir as chances de contágio de doenças. No entanto, essa prática pode levar animais que naturalmente vivem em grupos a desenvolverem comportamentos anormais; alguns exemplos são cavalos engolindo ar e bovinos e suínos enrolando a língua e mastigando no vácuo.

Esses comportamentos indicam que os animais buscam compensar o estresse da restrição do espaço e do pouco contato social. O organismo acaba desviando energia para a compensação do estresse, prejudicando o equilíbrio fisiológico importante para o ganho de peso e comprometendo a defesa imunológica. Assim, o isolamento pode até aumentar o aparecimento de doenças e o número de mortalidade de filhotes.

Uma pesquisa de doutorado em Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Jaboticabal, avaliou os benefícios de boas práticas de manejo no bem-estar de bezerros leiteiros do nascimento até os primeiros 120 dias de vida. O trabalho, desenvolvido pela zootecnista Lívia Magalhães Silva, concluiu que práticas como escovação dos bezerros imitando a lambida de vaca, aleitamento em baldes com bicos e desmama progressiva conseguiram reduzir até 18% da incidência de diarreia dos animais em comparação com o manejo convencional, feito com pouca interação, desmame abrupto e em baldes. A diarreia é uma das principais causas da alta mortalidade em bezerros, que varia entre 10% e 34% do rebanho no Brasil.

Resultados semelhantes foram encontrados pela pesquisa de doutorado realizada por Julia Perini na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB). Ela observou que as matrizes suínas criadas coletivamente apresentaram menor frequência de diarreia, constipação e bursites quando comparadas às mantidas em gaiolas. A interação entre os suínos, a possibilidade de caminhar, correr e fuçar reduziu em 16% a frequência de comportamentos estereotipados.

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Fonte: Ibem e Mapa.

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