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A deriva de defensivos agrícolas está provocando problemas no Rio Grande do Sul, especialmente em novas áreas que adotaram culturas que são sensíveis aos herbicidas hormonais. Para controlar a situação, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) está adotando uma série de ações pioneiras.
O Sul do Estado era voltado para a produção de arroz, soja e pecuária de corte, onde produtos como o 2,4-D são usados largamente. No entanto, algumas áreas se mostraram promissoras para a implantação de frutíferas, em especial viticultura e olivicultura, que podem ser afetadas com a diminuição da produtividade e até perda total da produção.
“O insumo é uma tecnologia adequada e eficiente, por isso muito utilizado do ponto de vista agronômico”, ressalta o chefe de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr, Ricardo Felicetti. A dificuldade está na aplicação indevida, que pode ocasionar as situações de deriva e afetar as culturas de folhas largas que são suscetíveis ao princípio ativo.
Ações contra a deriva de defensivos agrícolas
A deriva de defensivos agrícolas é causada, principalmente, pela falta de observação das condições climáticas e dos equipamentos adequados para a aplicação. “Além de perder o produto, que está cada vez mais caro, causa problemas em culturas não alvo e pode acarretar litígio e problemas entre vizinhos”, comentou Felicetti.
Desde 2019, o governo gaúcho tem dado mais atenção à questão, houve uma redução de 21% no número de propriedades atingidas pela deriva de herbicidas hormonais na safra 2021/2022 em comparação com a temporada anterior, de acordo com dados da Seapdr.
Confira quais foram as principais ações adotadas.
Normas de controle
O arcabouço legal é um passo importante para garantir a aplicação correta dos insumos. A venda dos defensivos agrícolas hormonais passou a ser controlada, bem como foram definidas normas para aplicação e fiscalização, além de um canal para denúncias. Tudo isso garante um acompanhamento mais rigoroso da atividade.
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Educação
“Todos os aplicadores de defensivos são cadastrados e passam por um curso obrigatório com orientações básicas da correta aplicação, em especial das condições climáticas e dos equipamentos”, informou. Os ventos abaixo de 3 km/h e acima de 10 km/h, umidade inferior a 55%, temperatura acima de 30°C e bicos de aplicação incorretos facilitam a deriva.
Estações meteorológicas
As estações meteorológicas são instrumentos essenciais para fornecerem informações em tempo real para evitar a deriva dos defensivos agrícolas. O Rio Grande do Sul instalou diversos equipamentos que fornecem o monitoramento agroclimático a curto, médio e longo prazos, que possibilitam verificar as condições ideais para a aplicação dos insumos.
Cadastro de culturas sensíveis
As áreas com culturas sensíveis, como videiras, oliveiras e produtos hortícolas, foram cadastradas em um sistema único. Toda vez que um agricultor utilizar os herbicidas hormonais, ele deve verificar se, no raio de 10 quilômetros, existe alguma lavoura sensível para redobrar a atenção e adotar medidas preventivas quanto à deriva.
Responsabilização técnica
O produtor deve recorrer ao profissional habilitado para verificar as melhores condições de aplicação. “Os responsáveis técnicos que realizam a prescrição do hormonal têm de dar orientações quanto à correta aplicação”, afirmou Felicetti. A receita agronômica e os documentos de aplicação (contendo local, hora e data) devem ser arquivados por dois anos.
Fiscalização
As sanções são pesadas para o produtor, acarretando desde multas e interdição de lavouras até implicações processuais de crime ambiental. “Estamos fazendo ações fiscais tanto orientativas como aplicando eventuais sanções quando detectadas irregularidades, visando proteger esses cultivos sensíveis”, disse o chefe.
Fonte: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Seapdr)