O glifosato (N-(fosfonometil)glicina) é um dos herbicidas mais populares e polêmicos ainda usados, e no Brasil quase sempre está no topo da lista dos mais consumidos. Pesquisas e análises sobre essa substância têm despertado o interesse de quem se preocupa com o meio ambiente e com os prejuízos que o uso de compostos químicos pode provocar na saúde.
Confira sete informações sobre o glifosato e entenda melhor por que ele preocupa muita gente.
1. O que é?
O glifosato é um princípio ativo desenvolvido na produção de compostos químicos. No início, chegou a ser usado no setor farmacêutico e para a limpeza de metais em várias indústrias. O herbicida que tem esse princípio como base é usado para matar ervas daninhas que surgem nas lavouras e afetam a produção agrícola.
2. Por que é muito usado?
Uma das responsáveis pela popularização do glifosato foi a Monsanto, agora parte da Bayer. Porém, o desenvolvimento de culturas modificadas geneticamente tem importância fundamental em seu uso em larga escala.
Antes, não era possível usar esse princípio ativo na fase de plantio porque matava também o que seria cultivado, e as alterações genéticas tornaram determinadas culturas resistentes ao glifosato, então seu uso passou a aumentar gradativamente — um exemplo é a soja.
Além disso, conta com forte absorção pelo solo e poderosos níveis de eficácia. Aliando esses aspectos ao fato de ter baixa toxicidade, torna-se um agrotóxico perfeito para várias situações.
3. Serve apenas como herbicida?
Não. O agricultor também pode usar esse princípio ativo como dessecante. Ou seja, se o produtor quiser adiantar a colheita, pode usá-lo na parte verde da lavoura para acelerar o processo.
4. Faz mal para saúde?
Sim. Da mesma maneira como ocorre com qualquer outro tipo de agrotóxico, o glifosato é um composto químico muito perigoso, por isso sua venda e seu uso são regulamentados pela lei. Os defensores do glifosato apontam que danos à saúde somente acontecem quando não são respeitadas as recomendações de uso.
Porém, a justiça de alguns países tem aceitado análises clínicas que comprovam problemas ao organismo humano. Essa, por exemplo, foi a situação que recentemente envolveu a Bayer, quando a companhia se viu obrigada a pagar uma indenização a um casal pelo efeito cancerígeno do produto.
As preocupações com as consequências na saúde se intensificaram depois de 2015, quando a Organização Mundial da Saúde decidiu atribuir mais um grau de periculosidade para a substância. Testes feitos em ratos comprovaram haver relação entre a exposição ao glifosato e o surgimento de tumores na pele, no pâncreas e sistema urinário dos animais.
5. Em quanto tempo ele consegue matar a planta?
Ao ser aplicado na lavoura para o controle de ervas daninhas, pode matar as plantas em um período de 7 a 14 dias.
6. Existem plantas tolerantes ao herbicida?
Apesar de todo o seu poder, algumas ervas daninhas ainda se mostram tolerantes ao glifosato e por isso são categorizadas como de difícil controle. Mas é preciso ressaltar que resistência não é a mesma coisa que tolerância, que pode acontecer sem que a planta tenha alguma vez entrado em contato com o herbicida.
7. Há alternativas mais seguras?
Sim. No mercado é possível encontrar uma série de opções, como ácidos naturais, para o controle de ervas daninhas. O problema é que desenvolver esses produtos exigiria mais “trabalho”, e o ponto de maior sensibilidade é que os herbicidas alternativos requerem aplicação em maior quantidade.
Ao que tudo indica, as definições sobre o glifosato demandarão muitas discussões e pesquisas nos próximos anos, pois, ao passo que se conhecem cada vez mais os efeitos dessa substância, as preocupações tendem a aumentar.
Fonte: BBC.