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Summit Agronegócio 2022: cenário de investimentos chineses no Brasil

Moedas com mudas de planta indicando crescimento de investimentos no agronegócio

Moedas com mudas de planta indicando crescimento de investimentos no agronegócio

Summit/Vallya Agro/Waccholz: chineses se interessam por fórmulas lácteas infantis; é oportunidade para brasil

Por Tânia Rabello e Isadora Duarte

São Paulo, 09/11/2022 – Os chineses têm se interessado cada vez mais por consumir fórmulas lácteas infantis e isso pode ser uma grande oportunidade para o setor leiteiro no Brasil, que já pode exportar produtos lácteos para lá, disse há pouco a sócia-diretora da Vallya Agro, Larissa Waccholz. Ela participou, nesta manhã, de painel sobre a China no Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo a executiva, os chineses preferem comprar lácteos importados por causa de uma forte crise sanitária no setor, que ocorreu entre 2007 e 2008 no país, o que deixou a população insegura em relação à produção nacional. Além disso, dentro da intenção chinesa de obter autossuficiência em alimentos, as projeções para os lácteos é de oferta de apenas 70%. “Ou seja, 30% do que os chineses consomem terá de ser importado, o que é uma grande oportunidade para o Brasil.”

De todo modo, o interesse é por produtos de maior valor agregado, ressaltou ela, como leite em pó, fórmulas infantis, produtos com cálcio adicionado para crianças. “Recentemente, em reunião do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), foi detectado que há muito interesse em balas de leite para crianças com cálcio adicionado.” Ainda conforme Waccholz, outra característica dos chineses nesse mercado é que eles compram lácteos predominantemente por meio do e-commerce. “O leite brasileiro, convencional, não tem competitividade para entrar no mercado chinês, mas essas fórmulas podem ser uma opção.”

Tudo isso demanda investimentos pesados, continuou a sócia da Vallya Agro. “A questão é como conseguimos entrar nesse mercado de maior valor agregado nas fórmulas infantis e no leite em pó. É isso o que os chineses pretendem comprar em grande quantidade para as próximas décadas, mas isso requer investimento. Por isso a importância de parcerias.”

Summit/Vallya Agro/Waccholz: Brasil tem de deixar claro que quer receber investimentos chinês

Por Tânia Rabello, Isadora Duarte e Vinicius Galera, especial para a Agência Estado

São Paulo, 09/11/2022 – O Brasil deve deixar claro, nas negociações de alto nível, que está aberto a receber investimentos chineses, disse a sócia-diretora da Vallya Agro, Larissa Wachholz. Para isso, porém, ela ressaltou que a China, assim como vários países asiáticos, prefere negociações de alto nível, governo a governo. “É uma particularidade dos asiáticos, afinal isso não é buscar privilégio, mas sim eles querem se sentir seguros onde estão investindo.” Diante disso, Waccholz defendeu que o Brasil deve firmar uma agenda de visitas presenciais com a China, tão logo o gigante asiático reabra suas fronteiras após a crise de covid-19, o que deve acontecer nos próximos meses, avalia ela.

Waccholz citou como exemplo dessa necessidade as rodadas das reuniões da Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). “No fim das contas, os projetos acontecem em parceria com empresas privadas, mas é preciso indicar que o governo brasileiro vê com bons olhos essas parcerias”, avaliou.

Segundo a executiva, além da indicação de que os investimentos são bem-vindos, o Brasil precisa trabalhar com os governos estaduais para resolver problemas crônicos, como o da armazenagem. “O País precisa indicar as saídas possíveis e dar essas informações macro para que os chineses possam se debruçar sobre isso. Isso faz sentido para eles e para qualquer investidor internacional.”

Outro ponto que merece atenção na relação entre os países, de acordo com Waccholz, é a volta das viagens à China. “Esse é um momento em que cada setor mobiliza suas empresas e se pergunta o que mais pode ser feito. Ainda há necessidade de quarentena ao chegar ao país, mas isso deve ser gradualmente reduzido. As agendas de visita mútuas devem ser prioridade presencial entre os governos.”

Summit/Vallya Agro/Waccholz: china indica o que vai fazer nos planos quinquenais; temos de lê-los

Por Tânia Rabello e Isadora Duarte

São Paulo, 09/11/2022 – A sócia-diretora da Vallya Agro, Larissa Waccholz, disse há pouco que a China tem um perfil de planejamento de longo prazo, com os planos quinquenais, e que o agronegócio brasileiro deve lê-los. “A China indica o que vai fazer nos planos quinquenais; temos de lê-los”, reforçou há pouco a executiva, durante painel sobre o gigante asiático no Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Ela assinalou que é importante conhecer esses planos quinquenais porque é a partir deles que o país indica como se movimentará. O mais recente plano quinquenal foi divulgado em 2021, com reforço para questões ambientais. “Ou seja, não podemos ignorar essa informação importante e depois dizer que não fomos avisados.”

Em relação ao planejamento chinês, Waccholz lembra que, no caso dos suínos, o país antecipou que iria recuperar seus plantéis até 2021-2022, após eles terem sido dizimados por causa da crise sanitária da peste suína africana (PSA), que a partir de 2018 reduziu para praticamente a metade o plantel de suínos chinês. “A recuperação do plantel foi bastante comunicada ao longo de todo esse período”, ressaltou. De criações de fundo de quintal, a China passou a construir granjas industriais, com rígidas regras sanitárias.

“Então, de um lado se tem uma visão de planejamento estratégico que pode beneficiar o agronegócio brasileiro e uma escala muito grande de uma população ali, que está urbanizada e que tem uma renda extra”, diz. “Ao mesmo tempo, tem o Sudeste Asiático e o Sul da Ásia, onde o desenvolvimento econômico também está em andamento e puxando o consumo, embora eles não sejam tão previsíveis em planejamento.” Ela ressaltou ainda que o Brasil tem competência em exportar carne de frango e também frutas para esses mercados.

De todo modo, Waccholz comentou que os chineses têm adquirido produtos de maior valor agregado. “Dados de 2019 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) demonstraram que os chineses consumiram, naquele ano, mais produtos de maior valor agregado do que produtos básicos”, mencionou. “Isso significa um início de mudança de uma tendência de consumo que também nos é muito favorável, desde que a gente saiba aproveitar.” Por isso, é essencial o Brasil diversificar a pauta com a China e exportar produtos de maior valor agregado. “Temos um cliente que também quer diversificar suas compras.”

Sob esse aspecto, Waccholz ressaltou que “cabe um avanço importante na comercialização de carnes do Brasil, a carne bovina, por exemplo”. Ela informou que os chineses sabem que não poderão ser autossuficientes na produção de carne bovina e terão de importar, inevitavelmente. “Hoje a China já é o segundo maior mercado consumidor de carne bovina do mundo”, disse. “Mas em termos de consumo per capita estão 1 quilo abaixo da média mundial, que é de 8 quilos por habitante/ano”, disse. “Se a China passar a consumir esse 1 quilo a mais, o Brasil, sozinho, não dará conta de exportar tudo o que aquele país vai precisar.” Assim, segundo Waccholz, apesar da determinação chinesa, de atingir a autossuficiência, “ainda existe espaço para exportação de proteína animal de alto valor agregado”. No caso de lácteos, por exemplo, ela acredita que há um largo espaço para o Brasil, pois a China admite importar 30% do que consome, pois só tem condições de produzir 70% de suas necessidades.

Summit/Fiagril/Belagrícola/Chan: não acho que china será autossuficiente em soja

Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

São Paulo, 09/11/2022 – Mesmo com os planos e investimentos recentes para aumentar sua produção local de soja, a China deve continuar importando a oleaginosa nos próximos anos. A avaliação é da diretora de Investimentos da empresa chinesa Dakang Brazil, Amy Chan. “Não acho que a China será autossuficiente em soja. A necessidade de importação da China continua. O investimento chinês em esmagamento está crescendo e também o investimento em setores de proteína e esmagamento de soja. A China também tem muitas limitações em relação a clima e a recursos naturais. Não acho que a China chegará neste ponto de parar de comprar soja brasileira ou diminuir”, disse Chan, durante o Summit Agronegócio Brasil 2022 “Desafios à frente”, promovido pelo Estadão, que começou na segunda (7) e se estende até hoje. No Brasil, a companhia controla as empresas Fiagril, Belagrícola e Fex Agro. Chan é membro do Conselho da Fiagril, Belagrícola e Fex Agro.

Chan destacou que considera a possibilidade de o Brasil exportar milho para a China como a abertura mais importante entre Brasil e China com país recebendo o grão brasileiro. “Podemos ver interessante evolução nos próximos anos na exportação de milho do Brasil a para China. O Brasil também tem oportunidade para exportar produtos de maior valor agregado à China. China também vai continuar importando carne, mas há crescimento da população vegetariana”, destacou.

A executiva considerou também que, além da China, vê oportunidades para Brasil exportar para países como Indonésia e com grande população. “Antes de olhar outras regiões, precisamos ver aqui dentro como fazer e agregar valor. Vejo demanda especialmente da demanda do Meio Oeste e do Sudeste da Ásia”, ressaltou.

Na avaliação da executiva, a África pode se tornar nos próximos anos um concorrente importante do Brasil, ao tamanho dos Estados Unidos, na exportação de alimentos. “África também está crescendo e tende a ser fornecedor de alimentos. Não será um mercado tão relevante para exportação do Brasil no futuro por causa das suas condições semelhantes de clima e agricultura”,

Summit/Fiagril/Chan: apetite de empresas privadas chinesas é pouco por volatilidade e desafios

Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

São Paulo, 09/11/2022 – O investimento de empresas privadas chinesas no Brasil é “pouco” pela volatilidade e desafios do Brasil, segundo a diretora de Investimentos da empresa chinesa Dakang Brazil, Amy Chan. “Não é fácil investir no Brasil. Poucas empresas privadas têm recursos para investir e entender o Brasil, por causa da estrutura no Brasil. Há muitos fatores difíceis para investimentos estrangeiros entrarem no Brasil”, disse Chan, durante o Summit Agronegócio Brasil 2022 “Desafios à frente”, promovido pelo Estadão, que começou na última segunda-feira (7) e se estende até hoje. No Brasil, a companhia controla as empresas Fiagril, Belagrícola e Fex Agro. Chan é membro do Conselho da Fiagril, Belagrícola e Fex Agro

Chan destacou um estudo que mostra que a América Latina recebeu somente US$ 50 milhões de investimentos da China em 2021, de um total de US$ 3 bilhões aportados por empresas chinesas no ano passado. “Não é só o Brasil que não é um lugar fácil para investir na região”, pontuou.

Na avaliação da executiva, ainda há “muito a ser feito” para abrir a economia brasileira para investimentos estrangeiros. “É um País fechado. Não ha muita presença de multinacionais em relação ao que há outros mercados com economias mais livres”, afirmou. “Vi progresso nos últimos anos como a nova lei do agro que fez muitas regras para proteger investidores estrangeiros do agro”, comentou. 

Summit/Insper/Jank: é preciso estabelecer relação Brasil-China de longo prazo; não pode ser oportunista

Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

São Paulo, 09/11/2022 – A relação entre Brasil e China foi aprimorada desde a década de 1990 e vem sendo mantida nos últimos anos, apesar do surgimento de falas pontuais indevidas por parte do Brasil, avalia o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank. “A relação Brasil-China vem sendo mantida, mas é preciso estabelecer uma relação de longo prazo Brasil-China. Não pode ser relação oportunista”, disse Jank, durante o Summit Agronegócio Brasil 2022 “Desafios à frente”, promovido pelo Estadão, que começou na segunda(7) e se estende até hoje. “É preciso ter um relacionamento permanente entre os governos com uma visão de longo prazo. Se o conjunto das relações melhora, se ganha previsibilidade e transparência, os investimentos (chineses no Brasil)crescem, o comércio cresce e a cooperação regulatória cresce”, destacou.

Dentre as necessidades de relacionamento sino-americano de longo prazo, Jank defendeu que uma estrutura voltada para China seja mantida dentro do Ministério da Agricultura para uma relação mais forte. “Uma das grandes iniciativas que aconteceu no atual governo foi a criação da divisão de China no Ministério da Agricultura. Tem muita coisa ainda a ser feita na parte regulatória”, afirmou.

Jank comentou que tanto os investimentos externos chineses quanto as importações chinesas de alimentos consideram a estratégia do país de priorizar segurança alimentar e também buscar autossuficiência. “A compra da Syngenta, da Cofco e da Fiagril por empresas chinesas vem na direção da estratégia de buscar autossuficiência. China tentou entrar em terras aqui no Brasil e não deu certo, mas entrou em originação. Segurança alimentar é estratégica para a China e está presente em todos os planos quinquenais”, apontou.

Ele acrescentou que, mesmo com a priorização da segurança alimentar pelo governo chinês, o país não irá se “entregar” aos Estados Unidos e ao Brasil. “China vai importar o que precisa e tentar autossuficiência em determinados produtos. Brasil é o país que melhor pode responder a isso. Somos maior fornecedor da China, com 40% do que exportamos sendo destinados para compradores chineses”, observou.

Segundo Jank, a China, por exemplo, vai continuar precisando de proteínas e de milho para ração animal. “China é seletiva em proteína. Ela quer carne bovina, que precisa importar de 30% a 40% e deve comprar do Brasil, mas em suínos e frangos, ela quer ser autossuficientes e, para isso, vai comprar mais soja e milho”, disse, acrescentando que a próxima safrinha brasileira de milho já será destinada à China, após Brasil e China assinarem protocolo de liberação em junho deste ano. 

Summit/Vallya Agro/Larissa Waccholz: falta agro pensar de forma estratégica na parceria futura com china

Por Tânia Rabello, Isadora Duarte e Vinicius Galera, especial para a Agência Estado

São Paulo, 09/11/2022 – A sócia-diretora da Vallya Agro, Larissa Waccholz, disse há pouco que vê o momento político atual no Brasil, com mudança de governo, como “muito importante”. “É um momento estratégico para o Brasil reforçar relações com os chineses”, disse a executiva, que é especializada no gigante asiático e participa, nesta manhã, do Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que se encerra hoje.

Entretanto, Waccholz disse que, embora essas relações tenham de ser reforçadas, o agronegócio brasileiro “não pode se fixar em um único lado”, ou seja, a China.

“O agro brasileiro é muito grande. Precisamos ter relação com o maior número de países e incluir na nossa pauta o maior número possível de produtos.” Ela concorda que nos últimos anos o Brasil abriu vários mercados para exportar alimentos, decisão acertada.

Ainda sobre China, a executiva lembrou, porém, que a classe média varia no país asiático, conforme a conta, entre 300 milhões de 800 milhões de pessoas. Mesmo sem abandonar a busca por outros mercados, ela defende que o agronegócio brasileiro deve ter “visão estratégica, para saber como se pode ir além da relação que existe hoje”.

Atualmente, o Brasil exporta basicamente matérias-primas para a China, como soja (o mercado de farelo de soja foi aberto recentemente) e carnes suína, bovina e de frango. “Podemos agregar valor”, defendeu. Além da exportação para o gigante asiático, deve-se pensar também em investimentos chineses no Brasil, em formato de parceria.

“No setor de energia, por exemplo, onde há um crescimento muito benéfico na relação com a China”, pontuou. “Precisamos agora ver em qual novo cenário poderemos reforçar essa relação, tentando mitigar atrasos, por exemplo, em relação a armazenagem e logística.”

Além disso, ela vê a possibilidade de um crescimento benéfico para o Brasil no setor de energia na relação com o parceiro asiático. “Temos que ver qual novo cenário precisamos nessa relação, tentando mitigar atrasos com relação a armazenamento e logística e inclusive em financiamento para a safra, que é caro. Essa é a visão de onde a gente quer chegar. Isso vai ajudar a pensar em novos produtos e de maior valor agregado inclusive nas próprias commodities neste momento que passamos por transição energética.”

Summit/Insper/Marcos Jank: agro brasileiro deve exportar este ano us$ 150 bi, maior parte para china

Por Tânia Rabello, Isadora Duarte e Vinicius Galera, especial para a Agência Estado

São Paulo, 09/11/2022 – O agronegócio brasileiro deve exportar cerca de US$ 150 bilhões em 2022, a maior parte para a China, disse o professor sênior de agronegócio global e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank. Por isso, a boa relação com o país asiático será fundamental, defendeu ele há pouco, durante o Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo Jank, os desafios dos últimos anos favoreceram o agronegócio brasileiro. “Os últimos 30 meses foram totalmente desafiadores para todo o mundo, com pandemia, guerra e mudanças climáticas globais. Isso acabou sendo até positivo para o Brasil. Foram US$ 100 bilhões de dólares exportados”, disse. A oferta, segundo ele, tem a ver com a demanda chinesa.

Jank acredita que o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva (PT), deve manter boas relações com os chineses. “Acredito que o Lula vai manter boas relações com a China. Mas não se trata só de discurso, é preciso construir transparência e visão de longo prazo, principalmente em investimentos como em logística de ferrovias”, disse.

Segundo Jank, o novo governo deve saber lidar com novos desafios geopolíticos. Ele lembrou que a China tem uma série de questões que a China tem com vizinhos asiáticos como Japão, Coreia e Taiwan no Mar do Sul, além da Índia. “Todo o entorno da China tem pontos de atrito e conflito. E o mundo vai ficar mais polarizado. Já está”, afirmou.

Além disso, Jank lembrou do recrudescimento da economia chinesa. “Um crescimento de 2,5% é quase uma recessão para a China. Temos de ter boa relação com todos e com a China particularmente no agro.”

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