Sistema trata dejetos suínos para produzir energia fertilizante

13 de junho de 2020 5 mins. de leitura
Novo sistema desenvolvido pela Embrapa trata dejetos e torna possível a reutilização de água na própria granja de suínos

Os dejetos resultantes de uma produção intensiva de suinocultura são um grande problema para as granjas. Quando descartados, esses resíduos podem se tornar uma fonte de poluição do meio ambiente. Uma nova tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) transforma esse material para gerar novos insumos à propriedade.

A partir do tratamento de dejetos dos suínos, o Sistema de Tratamento de Efluentes (Sistrates) gera energia elétrica e fertilizantes, além de água que pode ser reutilizada na própria granja. O Sistrates é resultado de pesquisas iniciadas em 2010 pela Embrapa Suínos e Aves. O sistema combina processos biológicos e químicos para retirar elementos como carbono, nitrogênio e fósforo dos resíduos.

Além de permitir o controle da poluição do ar, do solo e da água por meio do alto nível de tratabilidade dos efluentes da suinocultura, a tecnologia permite a redução da área necessária para a expansão da produção.

O sistema pode ser aplicado ainda para tratar efluentes da indústria alimentícia, em especial de abatedouros e processadores de carne. Além de ser útil em unidades de tratamento de bacias hidrográficas ou usinas centrais de biogás para cogeração de energia elétrica ou térmica.

Sistema de tratamento de dejetos suínos

(Fonte: Embrapa/Divulgação)

Processos químicos e biológicos transformam os dejetos de suínos em água possível para ser reutilizada na propriedade, além de gerar energia elétrica e produzir fertilizantes. (Fonte: Embrapa/Divulgação)

O Sistrates foi implementado na Granja Master São Roque (SC) com a capacidade de alojar 9,5 mil animais reprodutores. O diretor-superintendente da granja, Mario Faccin, comenta como a solução melhorou a utilização da água na propriedade. “Hoje, produzimos 256 mil suínos ao ano e estamos operando com metade do volume de água que usávamos há sete anos, quando a produção era de 241 mil animais anuais”, afirma Faccin.

A tecnologia pode ser implantada de maneira modular e adicional, de acordo com as necessidades de tratamento de cada granja. São três módulos distintos que podem ser aplicados ao sistema: biodigestores, remoção do nitrogênio e retirada do fósforo.

O primeiro passo para o tratamento dos dejetos é a separação de elementos sólidos, por meio de uma peneira com escovas acopladas. Os sólidos são destinados a um biodigestor anaeróbico — equipamento capaz de processar fezes dos animais em um ambiente sem ar — enquanto os resíduos líquidos são encaminhados, por gravidade, para biodigestores de uma lagoa coberta.

Biodigestor

(Fonte: Embrapa/Divulgação)

Uma das grandes vantagens do Sistrates é a utilização acoplada de biodigestores, uma tecnologia já amplamente difundida no Brasil. (Fonte: Embrapa/Divulgação)

A matéria orgânica separada é processada pelo biodigestor, o primeiro módulo do sistema. Como resultado do processo, é produzido o biogás. Esse gás é recuperado e encaminhado para motores responsáveis pela geração de energia elétrica.

Retirada de nitrogênio

Na lagoa coberta, o segundo módulo do Sistrates, o resíduo líquido é tratado para remover o nitrogênio amoniacal que não foi retirado pelo processamento no biodigestor anaeróbico. O recolhimento do nitrogênio se dá pelo processo biológico de nitrificação (que converte a amônia em nitrato), seguido de desnitrificação (tratamento para tornar as moléculas de nitrogênio menores), tendo como resultado final a produção de gás nitrogênio.

Remoção do fósforo

O último módulo do sistema tem como função a remoção do fósforo dos dejetos. Para tanto, é realizado um processo químico de precipitação, com o uso de uma suspensão de hidróxido de cálcio, ou cal hidratada, a 10%. Com isso, o fósforo é transformado em fosfato de cálcio sólido, que pode ser utilizado como fertilizante em lavouras.

Reutilização da água

No final do processo, a qualidade da água é tão boa que o recurso hídrico pode ser reutilizado pela própria granja de suínos, para o cultivo de peixes, em irrigações ou ser lançada no meio ambiente.

O efluente líquido atinge concentração de nitrogênio amoniacal inferior a 20 mg/L, dentro do padrão da resolução 430 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes em corpo-d’água.

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Fonte: Embrapa.

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