As mudanças climáticas e seus impactos afetam os sistemas ecológicos em uma escala muito ampla. O aquecimento global apresenta consequências que abrangem não somente os meios naturais mas também aqueles dependentes deles, como a subsistência do homem. Nesse cenário, os agrossistemas podem ser altamente influenciados, tornando-se vulneráveis e resultando em um impacto negativo na produção de alimentos.
As mudanças climáticas decorrem principalmente do aquecimento global, com causas humanas, que incluem o aumento da emissão de gases estufa, como o dióxido de carbono, resultado do crescimento industrial. Essas alterações têm sido estudadas desde a metade do século XX na tentativa de entender a contribuição de componentes naturais e antropogênicos nas modificações do clima global e de avaliar os impactos atuais e futuros; muitas delas já foram projetadas e incluem a duplicação da concentração de dióxido de carbono atmosférico e 90% de probabilidade de aumento de 1,5°C a 5°C na temperatura global até 2100.
Consequências atuais e futuras
Avaliações canalizaram esforços na previsão dos efeitos dessas mudanças na agricultura, pois já afetam os agroecossistemas no mundo todo devido aos impactos negativos no crescimento e rendimento das plantas considerando a elevada concentração de CO2 atmosférico e as temperaturas mais altas.
Além disso, a maximização e o melhoramento de monoculturas podem reduzir a diversidade intraespecífica. O declínio da variação genética inibe a adaptação de espécies às mudanças ambientais, resultando em reduções das populações e das culturas a níveis críticos. Culturas que hoje enfrentam reduzida diversidade genética podem sofrer ainda mais com mudanças drásticas.
Alterações nos regimes de precipitação e maiores frequências de eventos extremos, como ciclones, furacões e secas extremas, também apresentam consequências na destruição e redução de culturas. Em 2017, a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal estimou um prejuízo de R$ 600 milhões devido a mudanças nos regimes de chuva e na crise hídrica decorrente. Neste ano, os prejuízos na Região Nordeste devido à seca chegam a R$ 3 bilhões.
Um relatório da Embrapa levantou os possíveis impactos futuros das mudanças climáticas na agricultura no Brasil. As avaliações de culturas resultaram em projeções que indicam uma redução média de 30% na produtividade de trigo e 16% de milho, ambas com encurtamento de ciclo de crescimento causado pela compensação no aumento da concentração de dióxido de carbono atmosférico.
Nesse contexto, a agricultura no século XXI tem se tornado um desafio e exige integração ambiental, social e econômica para atender às necessidades das gerações atuais e futuras. Novas políticas devem ser desenvolvidas, e a Embrapa destaca algumas ações que podem ser adotadas no Brasil para o enfrentamento dos impactos do aquecimento na agricultura, tais como a seleção de genótipos mais tolerantes a temperaturas mais altas ou secas, manejo de solos e de ecossistemas, associando atividades em uma mesma área, bem como um manejo integrado de pragas e doenças. As ações mitigadoras devem ser desenvolvidas por profissionais de diversas áreas, como agricultores, climatologistas e formuladores de políticas.
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Fontes: Embrapa, Frontiers.