Percevejo: saiba como controlar esses insetos na lavoura

Percevejos podem causar grandes danos às plantações, interferindo na produtividade e qualidade do cultivo, tornando-se um dos principais problemas enfrentados no agronegócio. Eles atacam desde ramos até grãos das plantas, injetando nelas toxinas que comprometem seu desenvolvimento saudável.

Esses insetos podem ser encontrados em diferentes hábitats, desde espécies terrestres até semiaquáticas e aquáticas, e se proliferam rapidamente. Eles têm um aparelho bucal composto de estiletes que utilizam para se alimentar das plantas, causando reduções drásticas na produção e, consequentemente, a prejuízos financeiros para os produtores.

O que são percevejos?

Os percevejos são insetos sugadores que pertencem à família Pentatomidae. Sua forma e tamanho variam, assim como seus hábitos alimentares. Algumas espécies são polífagas, alimentando-se de plantas de diferentes famílias, enquanto outras são mais específicas em suas escolhas alimentares.

Em geral, esses insetos apresentam corpo oval e achatado, com um par de antenas longas e finas na cabeça. As asas dos percevejos são divididas em duas partes: uma parte anterior dura e esclerosada, e outra posterior membranosa e flexível.

Conheça os principais tipos que estão presentes nas lavouras brasileiras.

Percevejo-marrom (Euschistus heros)

Com um tamanho aproximado de 1 centímetro a 1,5 centímetro de comprimento na fase adulta, o percevejo-marrom tem uma coloração que varia do marrom ao preto. Na parte dorsal, apresenta uma mancha amarelada.

O inseto ataca as plantações de soja, mas também pode danificar cultivos de milho e algodão, alimentando-se de ramos, hastes e vagens em desenvolvimento. A praga é comum em Regiões mais quentes, como Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.

Percevejo-barriga-verde (Diceraeus spp.)

A coloração verde brilhante na barriga é a principal característica desse inseto, que chega a medir 7 milímetros na vida adulta. O percevejo-barriga-verde é comum nas lavouras de milho, trigo e sorgo, alimentando-se principalmente de grãos.

No Brasil, são encontradas diferentes espécies do gênero Diceraeus, com algumas preferindo o cerrado brasileiro e outras sendo mais frequentes no Sul do País.

Percevejo-verde (Nezara viridula)

As ninfas do percevejo-verde apresentam uma cor preta com manchas claras no dorso. Em sua vida adulta, chegam a um comprimento de 12 milímetros a 15 milímetros e adquirem uma coloração verde. O inseto é polífago, ou seja, alimenta-se de plantas de diferentes famílias, atacando várias culturas agrícolas.

A praga é encontrada com mais frequência em regiões mais frias, como os Estados do Sul do Brasil. O percevejo pode entrar em hibernação na pós-colheita da soja, abrigando-se embaixo da casca de árvores.

Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)

Os percevejos adultos têm cor verde com um risco transversal de tonalidade vermelho-escuro e medem até 1 centímetro. Encontrado em regiões com temperaturas mais amenas, como no norte do Paraná, ele geralmente aparece no período de floração da soja, elevando a população precocemente e aumentando os riscos de perda na lavoura.

Como os percevejos afetam os cultivos?

Os percevejos afetam os cultivos de diversas maneiras e podem causar sérios prejuízos na agricultura. Seu principal impacto decorre do fato de serem insetos sugadores, que perfuram as estruturas das plantas, como folhas, hastes, frutos e sementes, para se alimentarem da seiva e nutrientes.

Esse processo enfraquece a planta, tornando-a mais suscetível a doenças, além de comprometer seu desenvolvimento normal. A alimentação contínua dos percevejos nas plantas pode levar à queda prematura de frutos e sementes e causar estresse hídrico nas plantas, já que eles retiram grande quantidade de seiva.

Além disso, alguns percevejos atuam como vetores de doenças vegetais, ou seja, eles podem transmitir patógenos causadores de doenças de uma planta para outra, contribuindo para a disseminação de problemas fitossanitários nas culturas.

Como controlar a praga do percevejo?

A integração das práticas de controle e o conhecimento da biologia e ecologia dos percevejos são fundamentais para o sucesso do manejo dessa praga. O plantio de cultivares de plantas resistentes aos percevejos, por meio da rotação cultural, pode ser uma alternativa viável de prevenção à praga. 

O monitoramento regular da lavoura pode identificar a presença e o nível de infestação dos percevejos. A partir disso, o agricultor pode escolher a intervenção mais adequada, tais como:

• controle químico com inseticidas;
• controle biológico com inimigos naturais;
• iscas e armadilhas.

O manejo integrado de pragas (MIP) é a forma mais sustentável e eficiente para o controle dos percevejos. A abordagem combina diferentes estratégias de manejo, visando a redução dos danos causados pelas pragas agrícolas com o mínimo uso de produtos químicos.

Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), TV Embrapa, Terramagna