Com o mercado de trabalho mais concorrido do que em gerações anteriores, inovações são cada vez mais cobradas aos recém-chegados a essa competição. Com os olhos voltados para a tecnologia, um movimento começou a surgir na agropecuária, com essas duas áreas caminhando juntas e podendo ser uma oportunidade para o jovem urbano ou o próprio trabalhador rural.
Foi-se o tempo em que os trabalhadores do campo não tinham formação ou estavam apenas cuidando das propriedades herdadas de seus pais e familiares. Hoje, com o crescimento da agricultura de precisão e o aprimoramento da conectividade em territórios distantes de centros urbanos, muitos estudantes e empreendedores se aproximaram da agropecuária para aproveitar seu potencial emergente.
Como consequência, o setor vem sendo modernizado ao longo desse período. “Eu não tinha interesse em atuar nos negócios da família, o agronegócio em si eu não queria, mas durante a faculdade eu cursei a disciplina Gestão de Sistemas Agroindustriais, que me abriu a mente para o agronegócio. Até então eu entendia que para atuar no setor eu teria que ser veterinária, zootecnista, agrônoma”, comenta Roberta Maia, de 26 anos. Mestre em Administração de Empresas, a jovem se aproximou novamente da atividade familiar e a revitalizou. A companhia já conta com software de gestão, marca registrada e departamento de marketing aprimorado.
Os números não mentem
Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2015, 14,7% da população total de jovens estiveram no meio rural. Essa porcentagem, embora possa não parecer tão expressiva, indica a permanência de 7,1 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos nesse meio.
Pecuarista e presidente do Movimento Nacional dos Produtores (MNP) no Mato Grosso do Sul, Rafael Gratão relata: “Está havendo uma mudança muito grande, e os produtores que não estão enxergando isso sairão do mercado”. E argumenta a favor da modernização: “Com a internet via satélite, a gente consegue se comunicar 24 horas com o funcionário da propriedade. Coletando informações, processando com software e tendo resultado, você pode parar aquela ação que não está tendo resposta e começar uma nova”.
“Renovação” como oportunidade
Essa tendência não só revela uma oportunidade para quem está buscando uma chance no mercado de trabalho como também é uma boa notícia para quem já está no setor. Ir para a cidade não é mais o único meio para melhorar a realidade de quem vive no campo, e permanecer na propriedade familiar garante incentivos do Governo.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é um exemplo. Promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o incentivo oferece benefícios exclusivos a jovens agricultores com idade entre 16 e 29 anos que tenham Aptidão ao Pronaf (DAP) e atendam aos pré-requisitos do programa. Essa linha de crédito tem limite de até R$ 16,5 mil, com taxa de até 3% ao ano. Os recursos são um apoio ao jovem agricultor para desenvolver atividades geradoras de renda, como projetos agropecuários, artesanato, produção de leite e turismo rural.
Além disso, as transformações naturais do mercado são uma oportunidade para repensar atividades. Com o alto valor de produtos orgânicos, em conjunto com um marketing eficiente, a agricultura, mesmo quando em pequeno porte, pode garantir bons negócios, e ficar atento às tendências é extremamente necessário para manter a relevância.
A tecnologia, então, vem novamente para facilitar esse processo. Softwares de gestão, profissionais especializados buscando experiência no campo e pesquisa científica proporcionam uma base mais sólida para novas apostas. A Fundação Procafé é um exemplo; com ela, o cafeicultor pode contar com estudos de pesquisadores e agrônomos que avaliam tendências, necessidades e oportunidades no ramo.
Por fim, o potencial presente na agricultura cresce à medida que olhos se voltam para o setor. Agora, com conexão aprimorada e técnicas modernas mais acessíveis, o campo abre espaço para aqueles que competem no mercado de trabalho, que podem fazer do campo uma experiência temporária para adquirir conhecimento ou sua carreira, e o atual agricultor, com ferramentas mais eficientes para seguir tendências do mercado.
Fontes: IBGE, Ministério da Agricultura.