Em janeiro de 2020, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas apresentou uma queda de 3,6% na receita líquida em comparação ao mesmo período de 2019. De acordo com os números da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a receita do primeiro mês do ano finalizou em R$ 7,9 bilhões. A quantia representa um decréscimo de 9,4% comparado ao mês anterior — dezembro de 2019.
Segundo os dados fornecidos pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no início do ano, a venda de máquinas agrícolas teve uma queda de 5,9% em janeiro. Enquanto no ano anterior foram vendidas 2,7 mil unidades em janeiro, em 2020 foram 2,5 mil. As baixas são ainda mais expressivas quando colocadas em comparação ao mês de dezembro: o Brasil teve uma queda de 25,2%. Na época, 3,3 mil máquinas foram comercializadas.
O presidente da Abimaq, José Velloso Dias Cardoso, apresentou alguns acontecimentos como possíveis responsáveis pela queda de receita nas vendas brasileiras em 2020. Em sua declaração, Velloso apontou a recessão econômica argentina e a guerra comercial entre China e Estados Unidos como fatores influentes no mercado de exportações.
Os dados da associação demonstram uma queda de 44,8% na venda de máquinas agrícolas para os norte-americanos quando comparado aos números de janeiro de 2019. Enquanto os EUA representam 27,6% das exportações brasileira no setor, outras regiões globais também registraram quedas nas vendas. América Latina e Europa diminuíram as importações de equipamentos agrícolas brasileiros em 12,3% e 9,4% em 2020.
Com a queda total de 26,6% nas exportações no 1º mês do ano, as cifras do setor fecharam em US$ 554,6 milhões. No acumulado dos últimos 12 meses, as vendas para o exterior finalizaram em US$ 9,3 bilhões.
Efeitos no mercado
A produção de máquinas agrícolas seguiu as exportações e também apresentou uma queda no início de 2020. Segundo os dados da Anfavea, o Brasil foi responsável por produzir 2,5 máquinas em janeiro. Durante o mesmo mês de 2019, o país obteve o número de 2,9 mil unidades. Em números gerais, a queda de produtividade no setor foi de 15,6%.
Enquanto as colheitadeiras de grãos tiveram redução de 24,1% nas vendas, as máquinas de colheita de cana-de-açúcar obtiveram de 45,3%. Essa é uma tendência que surge no mercado desde o ano de 2018, quando países elevaram a demanda pelo equipamento e impulsionaram o mercado, como a Índia e a Tailândia.
Se por um lado a produção e a exportação de maquinário andam em baixa, o número de empregados no setor demonstrou resultados positivos. Em comparação com dezembro de 2019, o primeiro mês do ano teve uma alta de 0,9% no nível de empregos. Com 305,2 mil pessoas empregadas no mês de janeiro, o país acumula um crescimento de 2,7% nas vagas empregatícias do setor nos últimos 12 meses.
Efeitos do coronavírus
Outro fator recente que pode afetar o mercado das máquinas agrícolas é o surgimento da pandemia do coronavírus. A covid-19, como é chamada a doença, surgiu na cidade de Wuhan, na China, e vem influenciando o agronegócio.
Segundo José Velloso Dias Cardoso, presidente da Abimaq, o Brasil vem tomando medidas preventivas para que o aparecimento da doença não paralise ou desabasteça a produção de máquinas agrícolas no país.
Atualmente, a China é uma das principais exportadoras de tecnologia para o Brasil e, com a atual crise de saúde, o coronavírus poderia apresentar um eventual risco à economia local.
Por meio de seu pronunciamento, Velloso esclareceu que grande parte das empresas brasileiras já está buscando outras fontes para importar os recursos necessários e por isso devem continuar com a programação normal para os próximos meses.
Apesar de ressaltar os prejuízos que a doença causa à humanidade, Velloso destacou que o vírus pode ser responsável por um acréscimo no número de exportações de máquinas e equipamentos agrícolas brasileiros no futuro. Com os chineses passando por dificuldades, é possível que diversos países latino-americanos encontrem no Brasil um grande aliado comercial para o setor.
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Fonte: Siamig, Abimaq