A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem liderado estudos sobre temas estratégicos que geram benefícios sociais, econômicos e ambientais. Uma das soluções mais recentes é uma nova cultivar de amendoim forrageiro, a BRS Mandobi, que é propagada por sementes. A tecnologia é resultado de uma parceria da Embrapa Acre com as Embrapas Rondônia (RO), Amazônia Ocidental (AM), Amazônia Oriental (PA), Cerrados (DF), Gado de Corte (MS), Gado de Leite (MG), Pecuária Sudeste (SP), Pecuária Sul (RS), Clima Temperado (RS) e a Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), que engloba 31 empresas do segmento de produção de sementes.
Essa união de forças viabilizou o projeto Desenvolvimento de cultivares de amendoim forrageiro para uso em sistemas sustentáveis de produção pecuária. O objetivo era o desenvolvimento de novas cultivares de amendoim forrageiro para a pecuária, a fim de intensificar a produção animal a pasto considerando a diversidade de nossos biomas.
Assim, após duas décadas de pesquisa, nasceu a BRS Mandobi. Os resultados foram apresentados a produtores, técnicos da produção pecuária, gerentes de fazendas e demais profissionais relacionados à área, no dia 7 de dezembro de 2019, no Dia de Campo. No evento foram comercializados 900 quilos da semente, cultivados pela Embrapa Acre em seu campo experimental.
Diferencial da BRS Mandobi e benefícios do uso da tecnologia
O alto teor de proteína e a elevada capacidade de fixar nitrogênio no solo são dois dos principais benefícios do amendoim forrageiro. Seu uso em conjunto com gramíneas ajuda a aumentar a longevidade das pastagens. Como resultado, obtém-se uma melhor qualidade da dieta animal e maior produtividade do rebanho.
O diferencial da BRS Mandobi é a propagação por sementes, que atende a uma demanda do setor produtivo por custos mais baixos de implantação de cultivares de amendoim forrageiro. O investimento é menor do que no caso das cultivares propagadas por mudas — o que encarece ainda mais por causa do excessivo uso de mão de obra — e das sementes disponíveis no mercado, todas 100% importadas e de custo bastante elevado.
No Dia de Campo, Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou as vantagens da planta, como sua capacidade de captar o nitrogênio do ar e fixá-lo no solo. Segundo o especialista, consórcios com 30% de amendoim forrageiro na composição podem incorporar na pastagem até 150 quilos de nitrogênio, obtidos naturalmente. Isso equivale a 330 quilos de ureia; e o resultado pode significar uma economia de R$ 600 por hectare, anualmente.
Se bem consumida pelo rebanho, a planta fornece um bom aporte de proteínas à dieta animal, reduzindo a emissão de carbono e suavizando os impactos ambientais da produção agropecuária a pasto.
Além das já citadas, a empresa aponta como outras vantagens:
- forragem de alta qualidade nutricional;
- ótima aceitação por rebanhos bovinos, equinos e ovinos;
- animais com maior ganho de peso;
- plantio facilitado;
- boa tolerância ao encharcamento do solo;
- alta resistência ao pastejo e boa resistência ao fogo;
- redução de custos com controle de plantas invasoras e suplementação de proteínas;
- redução do tempo em recria (de 22 para 13 meses).
De acordo com a Embrapa, a BRS Mandobi representa uma nova etapa na pecuária a pasto no País. Para ilustrar essa afirmação, a instituição usa o índice de aumento da produtividade do rebanho em fazendas com pastos consorciados: uma média anual de 12 a 15 arrobas por hectare, de peso vivo. Isso representa o dobro da média brasileira — e sem a utilização de fertilizantes nitrogenados.
Fonte: Embrapa