Formiga: quais tipos afetam as plantações?

23 de maio de 2023 5 mins. de leitura
Descubra mais sobre os tipos de formigas e por que elas podem ser um risco ou uma solução para certos cultivos

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As formigas fazem parte do convívio humano; no meio urbano ou no rural, nunca é preciso procurar demais para achar uma formiga. E isso tem explicação: os insetos são os animais mais predominantes na face da Terra, e as formigas representam de 15% a 20% de toda a biomassa animal do planeta.

Elas estão presentes em todas as regiões do mundo, com exceção dos polos, e estima-se que existam mais de 18 mil espécies de formigas. Pelo menos 10 mil já foram descritas e estudadas, e no Brasil há pelo menos 2 mil espécies.

A característica mais marcante das formigas é sua organização, por isso são classificadas como eussociais, o grau mais complexo de organização social entre os animais. Esse contexto é marcado pelo cuidado coletivo dos indivíduos jovens, pelo convívio de indivíduos de diversas gerações e pela divisão de tarefas, o que inclui a separação em castas de animais que se reproduzem e outros que não se reproduzem, bem como as funções de coleta de alimentos e a defesa das colônias.

Formigas cortadeiras sobre folhas. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Formigas cortadeiras sobre folhas. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de toda essa infinidade de espécies, pelo menos 20 a 30 convivem em estreita proximidade com os brasileiros. É o caso da formiga-fantasma (Tapinoma melanocephalum), conhecida por fazer trilhas irregulares e andar em zigue-zague montando ninhos dentro e fora de residências, e sempre atraídas por comidas adocicadas. Outra espécie bem conhecida nas zonas urbanas é a formiga-louca (Paratrechina longicornis ou Paratrechina fulva), com sua coloração marrom-escura ou preta e antenas longas.

Principais perigos das formigas para as zonas rurais

Nas zonas rurais, e especialmente nos cultivos, existem dois gêneros principais de formigas que colocam as plantações em risco: Atta e Acromyrmex, também conhecidas como formigas-cortadeiras, entre as quais estão as saúvas e as quenquéns.

Gênero Atta

Apesar de fazerem grandes estragos em plantações, as formigas do gênero Atta não se alimentam das folhas. Essas formigas, conhecidas como formigas-cortadeiras, cortam as folhas e as levam para o formigueiro para alimentar espécies de fungos que convivem em relação mutualista. Ou seja, os fungos são alimentados e criados e, depois, viram alimento das formigas.

As colônias de formigas do gênero Atta podem chegar a abrigar mais de 6 milhões de indivíduos, por isso a atividade de corte de folhas torna-se um perigo para qualquer plantação. As saúvas, que fazem parte desse gênero, são consideradas umas das principais pragas agrícolas.

Saúva (Atta colombica) atacando folhas. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Saúva (Atta colombica) atacando folhas. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Gênero Acromyrmex

Mais de 30 espécies fazem parte desse gênero, e pelo menos 24 são encontradas no Brasil. Conhecidas popularmente como quenquéns e mais comuns na Região Sul do País, são de porte menor em relação às saúvas, assim como seus formigueiros. Porém, isso não significa que não sejam perigosas, pois podem causar danos em cultivos, redução de pastagens e aumento de infestações de ervas daninhas.

A localização de formigas em plantações se dá pelo fato de muitas espécies terem hábitos noturnos ou de saírem nas horas mais frescas do dia. O deslocamento por baixo da cobertura de folhas é outro empecilho.

Apesar dos riscos para os cultivos e os trabalhadores, as formigas também podem trazer benefícios para as plantações. Elas atuam na dispersão de sementes, são predadoras de alguns insetos e outras pragas e contribuem para a fertilidade do solo. O ideal é manter um nível de equilíbrio de presença de formigas na área.

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Métodos para controle de formigas

Existem diversos métodos para controlar as principais formigas que atacam cultivos agrários. O principal deles é o químico, com a aplicação de defensivos agrícolas específicos para essa finalidade. Entre os produtos mais utilizados estão os químicos em forma de iscas granuladas que são levadas para os ninhos e contaminam toda a população de formigas.

Para o uso efetivo de defensivos agrícolas, porém, é importante saber a espécie e o gênero dos insetos que estão perpetrando os ataques. Diferentes defensivos têm ação variada com as espécies; então, para garantir o investimento, é importante contratar um profissional.

Outro método de contenção de avanço das formigas é o mecânico. Nele são realizadas a escavação na colônia e a retirada da formiga-rainha. Essa opção, entretanto, é mais indicada para colônias jovens.

O método menos danoso para o meio ambiente é o cultural, que consiste no plantio de vegetais que contenham propriedades tóxicas ou repelentes para as formigas em questão.

Curiosamente, apesar de haver muitos métodos de combate às formigas, esses próprios insetos também podem ser um método voltado ao controle de pragas, visto que certos gêneros de formigas — como Ectatomma, Labidus, Neivamyrmex, Odontomachus e Gnamptogenys — são predadores de algumas das principais pragas agrícolas. O uso de formigas como controle biológico de pragas diminui a necessidade de agrotóxicos, gerando economia e maior sustentabilidade ambiental.

Fonte: Fiocruz, Embrapa, Senar, Fapesp, Terra Magna

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