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Eucalipto cultivado em sistemas ILPF tem melhores resultados

Um estudo publicado em dezembro de 2019 demonstrou que os Eucalyptus urograndis cultivados no sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantados em linhas triplas e renques distantes 30 metros, com a utilização de modelos tradicionais para estimativa de altura comercial e total, cresceram 18% a mais nos primeiros cinco anos do que os plantados em monocultura.

Os eucaliptos cultivados em sistema ILPF cresceram 3,8 centímetros por ano, enquanto os de monocultura ganharam 3,2 cm no mesmo período. O experimento foi realizado em uma área dividida em duas partes com as mesmas características de solo e relevo; os cultivos foram implantados em delineamento de blocos casualizados (DBC) com quatro tratamentos: árvores periféricas na pastagem (T1), lavoura-pecuária-floresta (T2), pecuária-floresta (T3) e plantio homogêneo (T4).

No sistema ILPF com gado leiteiro, foram coladas árvores nas bordas da pastagem, com as plantas dispostas em linhas duplas. No modelo lavoura-pecuária-floresta, as plantas foram acomodadas em faixas de três linhas de plantio. Os modelos T1 e T2 foram plantados em conjunto com a pastagem de capim-piatã, com o milho para armazenamento. No ILPF com gado de corte, foi estabelecido o padrão pecuária-floresta com as árvores em faixas com três linhas de plantio, plantadas com capim-piatã. O plantio homogêneo foi composto apenas por eucalipto.

(Fonte: Embrapa/Divulgação)

A planta cultivada foi um clone do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, e a orientação para o plantio foi fazê-lo em linhas no sentido leste-oeste. Os dados para realização da pesquisa da Embrapa foram obtidos através de um inventário florestal.

O estudo mostrou que o diâmetro do eucalipto é bastante influenciado pela densidade do cultivo. Em plantações muito densas, a tendência natural é que tenham um diâmetro menor; já nas menos densas, o diâmetro do eucalipto é maior diante de uma menor necessidade de as árvores concorrerem por espaços para desenvolvimento.

Com relação à altura do eucalipto, a pesquisa revelou que, em sistema de ILPF, quanto maior a densidade da plantação, maior será a altura, pois nesse ambiente elas precisam competir entre si para buscar a luz solar, o que as faz crescer naturalmente.

A pesquisa concluiu que o espaçamento e o arranjo de plantio no ILPF influenciam de forma significativa o crescimento do eucalipto.

Como fazer o manejo de eucalipto em sistemas ILPF

Marcelo Muller, pesquisador da Embrapa, explica que o manejo de eucalipto em sistemas ILPF pode ser feito em três situações: plantio com linhas simples, duplas ou triplas. A escolha do formato  impacta diretamente na relação da árvore com o ecossistema em que está inserida.

Ele afirma que no plantio com linhas simples há uma menor densidade, o que faz com que o sombreamento para o gado seja tardio, por exemplo. Já nos plantios de linhas duplas e triplas, o sombreamento das árvores é antecipado diante da maior quantidade. Mas, nesse último caso, haverá a necessidade de fazer um manejo antecipadamente, por meio da retirada de algumas árvores da plantação para favorecer a entrada de luz. Dessa forma, o crescimento dos eucaliptos que continuarem na plantação é favorecido, o que futuramente os tornará madeiras de maior valor agregado.

Muller afirma que anualmente será necessário medir o diâmetro e a altura do peito da árvore, e no ano em que o diâmetro estiver menor, será o momento de intervir para fazer um desbaste nesses eucaliptos.

O especialista recomenda que o desbaste seja de aproximadamente 50% dos eucaliptos, o que facilitará a entrada de luz e a retomada da produtividade do pasto. Ele também informou que a primeira intervenção para desbastes dos eucaliptos geralmente ocorre após quatro ou cinco anos do plantio; já o segundo desbaste, por volta de oito, nove ou dez anos; e o desbaste final, entre 12 e 15 anos.

(Fonte: Embrapa/Divulgação)

Ele também diz que nos plantios com linhas simples o desbaste acontece mais tarde — o primeiro por volta de oito a nove anos, e o segundo por volta de 12 a 15 anos após o plantio —, porque nesse modelo as plantas têm um espaço maior para crescer.

Fonte: Embrapa

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