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Entenda como o aumento do boi gordo pode não beneficiar produtor

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A valorização do boi gordo nos últimos meses tem chamado a atenção dos produtores. O aumento chegou a 22,5% em apenas um semestre: de abril a setembro deste ano, o preço passou de R$ 200/arroba para R$ 245/arroba. 

A tendência é que o valor continue subindo. Em 16 de setembro,  o valor chegou a R$ 250,90/arroba, com elevação de 5,6% no acumulado da parcial do mês. Alguns locais de São Paulo, como em Barretos e Araçatuba, verificam o maior valor do animal.

Preço do boi gordo subiu 22,5% em seis meses. (Fonte: CEPEA/Reprodução)

Mas esse aumento não tem sido refletido na margem de lucro do produtor rural. A alta do dólar é um dos principais fatores que deixaram os ganhos dos pecuaristas estagnados. 

Entenda o aumento e por que ele não tem sido, necessariamente, benéfico para o produtor.

Dólar alto aumenta custos da produção de boi

Apesar da arroba do boi gordo ter atingido um aumento histórico, nem todos os produtores têm conseguido perceber isso nas receitas da propriedade. Isso ocorre principalmente em virtude da alta do dólar, que regula as compras e as vendas no mercado internacional. 

Os pecuaristas que têm direcionado a carne bovina para exportação têm tido mais sucesso, pois, embora os insumos estejam mais caros, a alta no preço da carne é capaz de equiparar os custos produtivos. 

Nesse caso, embora o produtor não perceba em seu lucro o aumento no valor da venda, não ocorre perda significativa de receita. Apesar do preço elevado do milho e do farelo de soja usados na ração, como também do bezerro e do boi magro (animais de reposição), é possível administrar com mais facilidade a balança comercial.

O consumidor tende a sentir o aumento da carne, mas os valores encontram resistência na perda do poder de compra da população. (Fonte: Shutterstock)

Já no caso dos proprietários que optaram por vender a carne no mercado nacional, o problema tende a ser mais sério. Os custos de produção aumentam com a alta do dólar, mas o mercado interno não tem sido capaz de remunerar o preço da carne em um patamar suficiente para compensar a alta nos custos produtivos.

Em grande medida, isso ocorre por conta da pandemia da covid-19. O desemprego e a precarização das condições de trabalho têm reduzido o poder de compra das famílias de forma importante. A tendência é que outras formas de proteína animal sejam mais valorizadas, e o preço da carne bovina, com demanda reduzida, passe a oscilar em valores rebaixados diante da necessidade do produtor.

Produção reduzida equilibra o preço no mercado

Produção de bovinos teve queda de 8,6% em relação ao ano passado, o que colabora para a alta do valor. (Fonte: Shutterstock)

Um fator que explica o aumento nos preços e ajuda a segurar a alta do produto, sem a qual as perdas seriam maiores, é a produção menor de cabeças de gado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o abate de animais no Brasil no primeiro semestre de 2020 foi de 14,55 milhões de cabeças de gado. Isso representa uma queda de 8,6% em relação ao mesmo período de 2019.

Além disso, é possível que as queimadas afetem a produção, seja pela destruição da pastagem e da qualidade do solo ou pela morte de alguns animais — nos últimos dias, o fogo no Pantanal tem feito algumas boiadas estourarem e outras morrerem em meio ao fogo, quando não conseguem escapar do incêndio.

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Fonte: CEPEA, Notícias Agrícolas e Jornal do Comércio.

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