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Conheça os efeitos do La Niña no agronegócio do Brasil

O ano começou sob influência do El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador. A partir de setembro, a tendência foi revertida, causando o esfriamento anormal da mesma parte do oceano, no fenômeno climático conhecido como La Niña, que deverá ser um dos mais fortes dos últimos 20 anos e modificar o clima no mundo até março de 2021, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa) dos Estados Unidos.

Chuvas mais significativas devem chegar ao Matopiba e ao litoral nordestino. Em contrapartida, as chuvas devem atrasar no Centro-Oeste, e o Sul do País poderá passar por um longo período de precipitações irregulares, prejudicando produções de grãos importantes como milho e soja, além de impactar a pecuária.

Prejuízos no Sul e no Centro-Oeste

Tempo seco favoreceu queimadas que provocaram prejuízo rurais no Pantanal. Fonte: (Shutterstock)

Os primeiros prejuízos provocados pelas alterações climáticas do La Niña já podem ser vistos no Sul e no Centro-Oeste, que desde o fim de 2019 vêm sofrendo chuvas abaixo da média. O Pantanal chegou a perder 20% de seu bioma em decorrência de queimadas que foram facilitadas pelo período de seca.

As duas regiões concentram quase 60% do Valor Bruto da Produção Agropecuária do Brasil (VBP) e representam mais da metade do faturamento do agronegócio nacional. Quando somados, o Sul e o Centro-Oeste produzem 80% da soja, dois terços do milho e mais da metade da carne bovina no País.

Vacas leiteiras

Produtores de leite podem precisar recorrer ao abate de animais para diminuir o prejuízo. Os custos com ração animal subiram acompanhando a alta de grãos como soja e milho, mas o valor do leite não aumentou; dessa forma, tem sido mais vantajoso abater as vacas para aproveitar o aumento do preço da carne bovina que continuar produzindo leite.

Quebra de safra de milho

La Niña pode provocar estiagem no Rio Grande do Sul até março de 2021. (Fonte: Shutterstock)

No Rio Grande do Sul, a estiagem provocou má-formação dos milharais. O estresse hídrico causado pela seca deve gerar quebra de safra, com 80% da produtividade perdida nas regiões que concentram a produção de milho no estado.

Perda nos cafezais do Sudeste

Até os cafezais de São Paulo e de Minas Gerais foram afetados pela falta de chuvas. A maioria das lavouras secou, prejudicando a florada para a colheita da próxima safra, e cafeicultores calculam que a perda de produtividade já está em torno de 10%.

Chances para a soja

Produtores de soja estão tendo uma segunda chance para recuperar o tempo perdido com a estiagem, em especial no Centro-Oeste. O replantio do grão já ultrapassa 300 mil hectares no País, com destaque para o Mato Grosso. Dessa forma, o La Niña pode não impactar tanto a safra 2020/2021.

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Fonte: Canal Rural, Agrosmart, Revista Globo Rural, Money Times, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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