Conheça o mais relevante evento sobre agronegócio do País
O preço do milho avançou substancialmente nos últimos dois anos. Depois do início da pandemia de covid-19, a cotação do cereal no Brasil chegou a dobrar, segundo o Indicador do Milho Esalq/BM&FBovespa. A saca de 60 quilos, que se manteve abaixo dos R$ 50 no primeiro semestre de 2020, ultrapassou a marca de R$ 100 em maio de 2021 e vem sustentando um patamar alto.
Apesar disso, haverá crescimento da procura pelo milho. A demanda global deve crescer 4,7% em 2022, com consumo de 1,1 trilhão de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a demanda brasileira deve alcançar 77,2 milhões de toneladas, em elevação de 6,8%.
Produção global de milho
Os Estados Unidos e a China continuarão sendo os principais produtores de milho e ampliarão a colheita do grão. Segundo o USDA, os norte-americanos produzirão 383,9 milhões de toneladas, em variação de 7,1%, enquanto os chineses deverão colher 272,6 milhões de toneladas, em alta de 4,6%.
O Brasil, terceiro maior produtor global, deverá ter aumento de produção de 32,7%, com 115 milhões de toneladas colhidas, de acordo com projeções da Conab. O aumento de produtividade da segunda temporada do grão deverá compensar a quebra de safra na Região Sul, provocada pela estiagem no verão.
Indonésia, Paquistão e União Europeia também deverão apresentar crescimento em 2022 em relação ao ano passado. Com isso, a produção global de milho alcançará 1,2 trilhão de toneladas, como estima a USDA. O número representa avanço de 7,5%.
Leia também:
- Milho: conheça a história do grão no Brasil
- Milho: quando e qual é a melhor maneira de vender
- Fertilizantes: Brasil poderá importar mais do Irã e do Canadá
Comportamento do preço futuro
O preço do milho no mercado futuro da bolsa de valores de Chicago subiu entre o início de março e as duas primeiras semanas de abril deste ano. O contrato com vencimento em maio de 2022 esteve cotado a US$ 7,72 por bushel, em avanço de 6% na cotação. Para setembro de 2022, quando a segunda safra brasileira costuma ser colhida, a alta foi de 15%, com cotação a US$ 7,41/bushel.
A oscilação reflete os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia. A safra ucraniana deve cair 34% em 2022 em relação ao ano anterior, com a produção de 27,7 milhões de toneladas, segundo a consultoria russa SovEcon. A possibilidade de redução da área de milho nos Estados Unidos durante a safra 2022/2023 também contribuiu para a queda.
Em uma tendência inversa, os preços futuros negociados no Brasil apresentaram recuo. No mercado spot, o indicador Esalq/BM&FBovespa retraiu 9%, com negociações por R$ 88,90 a saca em 12 de abril. Na Bolsa de Valores brasileira (B3), o contrato com vencimento em setembro de 2022 caiu 5%, com a saca cotada a R$ 88,80.
Expectativa até o fim do ano
Até o fim do ano, o balanço global deverá continuar em equilíbrio frágil, o que deve sustentar o preço do milho, como avalia a Consultoria Agro do Itaú BBA em relatório. “Os nossos exercícios iniciais de projeções para a safra 2022/2023 sugerem que a relação entre oferta & demanda tende a seguir bastante apertada”, afirmam os consultores.
No cenário doméstico, o espaço para novas elevações de preço do milho é limitado pelas margens apertadas da indústria brasileira de proteína animal. Além disso, os estoques da safra de verão e o bom desenvolvimento da safrinha devem contribuir para barrar o avanço da cotação.
Fonte: Agro Mensal Itaú BBA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)