Alelopatia: como ajuda no controle de ervas daninhas?
Conheça o mais relevante evento sobre agronegócio do País
Uma das principais preocupações do agricultor se refere às ervas daninhas. Junto a outros fatores, como insetos, elas exigem um manejo integrado para garantir a produtividade e a qualidade do plantio.
E se fosse possível usar outras plantas para inibir o crescimento das espécies que atrapalham a lavoura? Essa é uma das aplicações da alelopatia.
Saiba mais sobre o assunto e entenda como aplicar corretamente essa técnica.
O que é alelopatia?
A alelopatia se refere à interação que a planta tem com o ambiente, sobretudo com a terra, de forma a afetar outras plantas ao seu redor.
A expressão foi usada pela primeira vez por Hans Molisch em 1937. O cientista usou as palavras gregas allelon (de um para outro) e phatos (sofrer), fazendo alusão à interação bioquímica entre plantas e microrganismos.
Isso é algo que se percebe no cotidiano do campo. Produtores rurais conhecem algumas regras básicas de vegetais que crescem bem juntos, como companheiros, e outros casos em que “não há um bom casamento”.
O mamão é um exemplo. Ele é ótimo para o milho, mas não é uma boa companhia para o tomate, a alface e a cenoura. Por isso, diz-se que existe alelopatia positiva e negativa.
Como ocorre a alelopatia?
A alelopatia consegue manejar esse conhecimento para otimizar a lavoura. O produtor pode usar e abusar da relação entre as plantas companheiras. Veja mais exemplos:
- milho e batatinha
- espinafre e moranguinho
- alho e ervilhaca
- beterraba e couve
- beterraba e alface
- cenoura e ervilha
- cebola e alface
O agricultor pode plantar os vegetais próximos uns dos outros alternadamente e aproveitar para incluir outras técnicas, como a cobertura — quando uma espécie maior e mais resistente ao sol faz sombra à outra menor e mais sensível à luz.
Mas como aproveitar a técnica da alelopatia para o controle das ervas daninhas?
Saiba mais:
Manejo adequado e tecnologia podem reduzir a necessidade de agrotóxicos
Quais são os riscos das ervas daninhas e como controlá-las?
Embrapa cria manual para manejo de ervas daninhas
Alelopatia em plantas daninhas
Uma boa forma de combater as ervas daninhas é usar o conhecimento da alelopatia. Assim, além de intercalar culturas que são companheiras, é possível incluir no plantio espécies que têm alelopatia negativa com a erva daninha predominante na lavoura.
O principal benefício disso é diminuir o uso de pesticidas e outros meios mais invasivos do manejo integrado de pragas.
Quer um exemplo? Veja como isso funciona na cultura da soja.
Como reduzir ervas daninhas na soja
Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Elemar Voll, uma boa saída para diminuir as ervas daninhas na plantação de soja é intercalá-las com braquiária, uma das pastagens mais comuns do Brasil.
Esse capim é bastante útil no controle da trapoeraba, uma das ervas daninhas que mais afetam a soja, já que ele libera ácido aconítico e ele é um inibidor do crescimento da planta indesejada.
De acordo com Voll, deve-se usar esse exemplo de alelopatia com alguns outros cuidados, como fazer a cobertura do solo para só então plantar a braquiária em meio à soja.
Essa é uma forma barata, eficiente e sustentável de controle de ervas daninhas. Por isso, vale a pena consultar um engenheiro agrícola, e até mesmo realizar alguns testes em partes da plantação para monitorar a resposta da interação entre as plantas.
Fonte: eCycle.