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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) emitiu um parecer favorável, sem restrições, para a aquisição de ações da BRF pela Marfrig Global Foods, o que abre caminho para uma fusão entre as duas gigantes do agronegócio. A decisão pode ser revertida em plenária pelos conselheiros da autarquia antitruste, mas é improvável que isso aconteça.
Em duas grandes operações entre maio e junho de 2021, a Marfrig movimentou R$ 1,2 bilhão para adquirir 31,7% da BRF e se tornou a maior acionista da detentora das marcas Sadia e Perdigão. Ao finalizar a segunda grande compra de ações, a Marfrig anunciou que não tem intenção de participar do conselho de administração ou influir nos rumos da empresa adquirida.
A publicação do parecer favorável no Diário Oficial da União gerou euforia na bolsa de valores, elevando o volume diário de negociação das duas empresas. Com a notícia, a BRF se valorizou 7%, passando a ter um valor de mercado de R$ 21,3 bilhões; enquanto a Marfrig subiu 7,15%, passando a ser avaliada por R$ 17,2 bilhões.
Atuação complementar no agronegócio
As duas companhias atuam no mercado de proteína animal, mas têm operações complementares. A Marfrig tem foco em bovinos, sendo a maior empresa produtora de hambúrguer do mundo. A companhia tem a capacidade de abater 32 mil bovinos por dia e fornece seus produtos para empresas globais, como a rede de restaurantes McDonald’s.
Já a BRF atua principalmente no mercado de carne suína e de aves, com um portfólio de 3 mil produtos distribuídos para 150 países. No Brasil, a companhia é líder em todas as categorias de mercado onde atua, como margarina, frios e congelados, de acordo com a consultoria Nielsen.
A principal concorrente das duas empresas é a JBS, maior produtora de carne bovina do mundo, com forte atuação no mercado de processamento de proteína animal. Por meio da Seara Alimentos, a companhia também atua no setor de suínos e de aves.
O mercado chegou a especular que a JBS pudesse entrar na disputa pela compra de ações da BRF quando a Marfrig fez sua aquisição. No entanto, o negócio seria de difícil aprovação pelo Cade pela concentração de mercado que poderia gerar.
Possibilidade de fusão
A Marfrig já tinha anunciado uma fusão com a BRF em maio de 2019. A negociação previu que o empresário Marcos Molina ficaria com 15% da dona da Sadia e da Perdigão. Mas um mês após o anúncio, o acordo não foi efetivado.
Agora, as duas companhias têm a oportunidade mais uma vez de efetivar a unificação de suas operações, o que pode criar uma supergigante do agronegócio. A Marfrig teve uma receita líquida de R$ 67,5 bilhões em 2020, com um lucro de R$ 3,3 bilhões. No mesmo ano, a receita da BRF foi de R$ 39,4 bilhões, e o lucro de R$ 1,4 bilhão.
Por enquanto, não há pronunciamento no sentido da criação de uma nova organização. Entretanto, a forte participação da Marfrig no controle acionário concentra o poder de decisão, reduzindo uma eventual resistência à fusão por parte dos herdeiros da Sadia, que estariam mais propensos a se unir à JBS.
Fonte: E-Investidor, BRF, Marfrig, JBS.