O setor de saúde e alimentação animal tem sido um dos principais a sentir o impacto da crise por conta da pandemia de covid-19, de acordo com análises publicadas pelo banco holandês Rabobank. A conclusão é corroborada por relatórios locais, emitidos pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Matérias-primas pressionam o custo da alimentação animal
Em primeiro lugar, o cenário interno está sendo influenciado pelo alto valor do dólar, cotado acima dos R$ 5 durante quase todo o mês de março de 2020 e diretamente relacionado à pandemia. Por um lado, isso privilegiou os produtores de milho e soja, que sentiram menos a queda nos preços das commodities no mercado internacional.
Porém, o movimento também está aumentando o valor do milho e da soja no mercado nacional. Como eles são utilizados como base da ração para alimentação animal, a escalada dos preços acaba pressionando os custos de produção de proteínas como bois, aves e suínos.
Além disso, os preços do boi gordo têm sofrido oscilações, fazendo com que muitos pecuaristas prefiram segurar sua produção por alguns dias, para conseguir negociações melhores.
Os impactos, no entanto, ainda não foram sentidos com tanto vigor nos frigoríficos de aves e suínos. Como essas proteínas têm ganhado a preferência dos consumidores por serem alternativas mais baratas, a produção continua normal. O ovo também está valorizado no contexto da pandemia: os preços pagos aos produtores aumentou mais de 15% em março.
A queda nos pedidos de food service e alternativas para driblar a crise
Outra questão que está afetando amplamente os agricultores e pecuaristas, além do aumento nos custos de alimentação animal, é a queda nos pedidos da cadeia de food service, importante cliente das proteínas animais brasileiras. Isso porque as mudanças na rotina, causadas pelas medidas de isolamento físico, culminaram no fechamento de bares e restaurantes.
Contudo, é possível compensar a queda no food service com maiores vendas para as redes de supermercado. Essa é a estratégia da CNA para auxiliar os produtores, buscando negociações com os representantes desse setor para ampliar a rede de fornecedores, bem como alternativas para a venda online de alimentos.
As mudanças no mercado internacional
Mesmo que a União Europeia seja uma das regiões mais afetadas pela crise do coronavírus e esteja aplicando rígidas restrições à circulação de pessoas, os alimentos brasileiros continuam entrando no bloco. A UE, inclusive, facilitou o envio de certificações para seus postos de controle de fronteira.
Enquanto isso, na China é possível observar alguma volta à normalidade, após o pico de contágio pelo coronavírus no país. Os principais beneficiados com esse movimento são os exportadores de carne bovina, uma vez que os chineses são grandes consumidores do gado brasileiro. De acordo com fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, a China voltou a comprar carne com mais intensidade no fim de março.
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Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil; Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás; Agência Reuters