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O cooperativismo agrícola é o canal de difusão de novas tecnologias no campo

Por Klever José Coral* e Mariane Natera**

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Nos últimos anos, vimos um “boom” das startups com ênfase no agronegócio acontecer em nosso país. São empreendedores, normalmente jovens, que possuem uma boa ideia, um novo produto ou serviço, mas que ainda necessitam de ajuda para conseguir uma fatia do mercado.

É neste ponto que as cooperativas agrícolas podem se unir a esse público, permitindo que as agtechs acessem o mercado por meio de seus cooperados. Ao mesmo tempo, as cooperativas possuem o papel de disseminação da cultura de inovação e impulsiona o desenvolvimento tecnológico dentro das propriedades rurais, em um cenário complexo onde até o acesso a rede de internet no campo é limitado. 

No caso específico de cooperativas agrícolas, o objetivo é que o grupo de produtores que fazem parte da cooperativa consiga ter um relacionamento mais igualitário com fornecedores de insumos e o mercado consumidor, conseguindo melhores preços de compra, assim como agilidade no escoamento da produção.

Essas características ajudam principalmente o pequeno produtor, que ao participar de um grupo de agricultores com o mesmo objetivo que o seu, permite que ele influencie e tenha participação ativa na economia do seu setor de atuação.

Drones têm sido usados para a pulverização dos canaviais (Foto: Koppert Brasil)

Tecnologia e cooperativismo

Visando o desenvolvimento social e econômico da comunidade, as cooperativas agrícolas no Brasil já somam 1.223 unidades e 992.111 cooperados segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2020 realizado pela Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB). Um público rural, que apesar de ser o foco dessa nova geração de empreendedores, ainda está à margem no processo de digitalização.

O último censo agropecuário do IBGE, de 2017, mostra que das 5,07 milhões de propriedades rurais existentes no país, mais de 70% declaram não ter acesso à internet. Sabendo desta dificuldade em termos de conectividade e acesso a informação, as cooperativas agrícolas surgem com o papel de aproximar os produtores rurais das novas tecnologias do chamado “agro 4.0”, por meio da oferta de novos produtos e/ou serviços e fazendo a capacitação de seus associados nessa área.

Um exemplo de como uma cooperativa agrícola pode atuar na difusão de tecnologias no campo é o que vem acontecendo na Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo), localizada no AgTech Valley, em Piracicaba (SP). A cooperativa paulista, que completou 72 anos em 2020 e já conta com mais de 14 mil associados, lançou em setembro de 2018 seu próprio hub de inovação, o Avance Hub. 

Dedicado a moldar e prospectar serviços e produtos inovadores que agreguem valor ao dia a dia de seu cooperado, o hub da Coplacana almeja colocar o produtor rural como ator principal em um ambiente de progresso tecnológico que muitas vezes acaba deixando de lado as particularidades de seu cliente.

O objetivo é tornar cada vez mais comum o uso de ferramentas de agricultura de precisão e digital nas fazendas, com a oferta de serviços como pulverização aérea com drones, mapeamento digital de lavouras, automação de maquinário e monitoramento em tempo real das máquinas no campo. O hub também realiza eventos para difundir conhecimentos sobre tecnologia na agricultura, assim como participa de mentorias para startups.

Dessa forma, a Coplacana ainda busca contribuir com o desenvolvimento sustentável da comunidade por meio de suas ações dentro e fora da cooperativa, com a integração e capacitação de seus colaboradores com o tema inovação, investimento em soluções de menor impacto ambiental e incentivo o empreendedorismo local. 

*Klever José Coral é engenheiro agrônomo, superintendente da Coplacana e coordenador do Avance Hub.

**Mariane Natera é engenheira agrônoma e analista de inovação no Avance Hub/Coplacana. 

ESALQTec é a incubadora de empresas da Esalq (USP – Piracicaba), que é a peça-chave do Vale do Piracicaba (AgTech Valley), como é conhecido o ecossistema de tecnologias do local, considerado o Vale do Silício do agro brasileiro.

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

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