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Três lições de Henry Kissinger para lideranças do agro brasileiro

Brasil precisa investir em tecnologia para elevar produtividade do cultivo do feijão e garantir abastecimento do mercado interno a longo prazo. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

No último dia 20, uma matéria extraordinária foi publicada no Estadão trazendo três lições do ex-conselheiro de Segurança Nacional e secretário de Estado dos governos de Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977), para lideranças e candidatos a líderes. 1)  Identifique onde você está. Então, qual a primeira analogia com o agro brasileiro? Nós estamos, chegamos a um movimento econômico-financeiro do sistema do agronegócio brasileiro em torno de US$ 600 bilhões anuais — somando o antes, o dentro e o pós-porteira das fazendas. Esse montante, que representa cerca de 30% do PIB do País quando observado sob o ponto de vista do total global do agribusiness planetário, significa apenas cerca de 3% do movimento agroindustrial, comercial, de serviços e agropecuário do mundo quando monetizado numa estimativa de um movimento planetário de US$ 20,3 trilhões (cálculo de 20% sobre o PIB mundial de 2022, US$ 101,6 trilhões, originado e agregado dentro do complexo do sistema de agribusiness). Então, onde estamos? No dentro da porteira, somos a 4ª maior agricultura de grãos do mundo, superando 300 milhões de toneladas; somos também os maiores produtores e exportadores do mundo em café, açúcar, suco de laranja, soja; líderes na exportação de carne bovina e frango, e o segundo maior exportador de algodão, milho, etanol; além de cadeias agroindustriais organizadas, como a indústria brasileira das árvores, tabaco e o crescente setor da fruticultura e suinocultura. Dessa forma, o conselho número um de Kissinger nos faz tomar consciência de onde estamos, de que somos fortes e com excelente potencial no dentro da porteira, na agropecuária, onde pequenos, médios e grandes produtores demonstram competência e competitividade olímpica internacional, porém estamos ainda muito distantes de atingir os mercados mundiais com agregação de valor industrial, comercial e de serviços, incluindo vender ciência e tecnologias nacionais para uma meta de participação na renda do PIB agro global que nos leve a um horizonte de potenciais 10%. 

 
Mas vamos ao conselho dois de Henry Kissinger para líderes: Defina objetivos capazes de agregar pessoas e encontre meios que sejam enunciáveis. Roberto Rodrigues (Estadão, 11/6) aborda a necessidade de uma agenda positiva. Nesse sentido, é necessário agregar pessoas, esclarecer que agronegócio não é um setor só do campo, mas sim um serviço que está em tudo na nossa vida, em cada canto de cada cidade brasileira e do mundo, seja no porto da minha amada cidade de Santos, seja na gastronomia, no turismo, em indústrias, bancos, fundos, transportes da megalópole São Paulo, que, vista na dimensão econômica e financeira desse sistema, passa a ser a maior capital financeira de todo o agro nacional; seja no Centro Nacional de Recursos Genéticos (Cenargen), estratégico banco genético da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília, ou mesmo no Pão de Açúcar, um dos mais belos eventos geológicos do mundo, cujo nome traz o pão, na estética da sua rocha, com o cheiro do açúcar que se derretia nas primeiras embarcações que o transportavam, ali, onde os marinheiros diziam ser o Porto do Pão de Açúcar. 

Dessa forma, com a consciência da lição um, somada à lição dois, temos neste momento um curtíssimo prazo nas decisões econômicas do País. Agrupar pessoas de todos os setores à necessidade de um Plano Safra robustíssimo, que encoraje a produção agropecuária a investir em um ano em que caem os preços internacionais das commodities, no qual os custos de produção se mantêm elevados e em que precisamos emergencialmente de armazenagem, Seguro Rural, equalização de juros e foco de investimentos nas estruturas de logística com um vigoroso trabalho de marketing, acessando mercados ainda na base da agropecuária, e com bioinsumo e biomecanizacão. Em 2023/24 é a proteção à agropecuária que nos salvará. 

 
E chegamos à lição três de Kissinger: Ligue tudo isso aos seus objetivos domésticos. Quer dizer: “Mostre ao mundo e à sociedade que você está sendo capaz de equacionar os seus numerosos problemas internos, domésticos, nas áreas econômica, social, ambiental e político-institucional” (Pedro Malan – Estadão 11/6/2023).  

 
Então aqui vem a gigantesca necessidade de as lideranças do sistema do agronegócio, público e privado, estarem reunidas em um contexto de um complexo agropecuário, científico, tecnológico, industrial, comercial, de serviços e bioeconômico, mostrando e educando para o País os exemplos de crescimento do IDH, da dignidade de vida de toda a população onde aprendemos a reunir e integrar com governança esses fatores. Os temos, sim, mas com baixo nível de percepção na sociedade nacional e internacional, eles estão presentes nas cooperativas agroindustrializadas, nas integrações empresariais, nos modelos de bioeconomia, no bioma amazônico e em todos os outros cinco biomas, na pesquisa e inovação tropicalizada, em que produtores rurais estejam participando de um fair trade, uma relação sistêmica justa e solidária com parcerias de longo prazo com o antes e o pós-porteira. 

 
Aplicar os três conselhos de Henry Kissinger aos candidatos a líderes e às lideranças me parece ser simples, estupidamente simples, só depende de uma coisa: Dos líderes e da governança dos seus egos no campo público e privado.  

 
No agronegócio não existem dois governos, muito menos um agro que pertença a este ou àquele, do campo ou da cidade, existe um só, aquilo que é a única coisa a ser feita: racionalidade sistêmica e impactos na cidadania evolutiva com planejamento estratégico de um pós-agribusiness, agora um agrobio citizenship, um sistema de saúde health system (Prof. Ray Goldberg) em solos, água, plantas, animais, microbiomas, planeta e nas pessoas. E para não dizer que não falei das flores (Viva Holambra!) e do business: De olho no crescimento da nossa participação no PIB agro global monetizado de valor agregado, temos imensas oportunidades no antes, dentro e pós-porteira das fazendas para este nosso Brasil Tropical, idealmente, tudo isso junto. 

Imenso abraço 

José Luiz TEJON 

TCA International 

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