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Sem conciliação e cooperação nacional não haverá salvação pessoal

Por José Luiz Tejon Megido*

Nas eleições de 2018, 30,87% dos votos não foram para nenhum presidente candidato (abstenções – brancos e nulos); 44,87% dos votos válidos foram para o candidato derrotado; 55,13% dos votos válidos foram para o atual presidente no 2o turno. No primeiro turno, o atual presidente teve 46,03% dos votos válidos.

O que fica como fundamento desta pergunta, não está em momento algum para desmerecer a eleição legítima do atual presidente, mas fica uma constatação: como será possível liderar o Brasil dentro da maior crise da nossa história sem o pressuposto da “conciliação e cooperação”?

A maioria dos brasileiros, entre abstenção e votos no candidato derrotado, se forem tratados por um segmento da população brasileira com adjetivos desde suaves como “ingênuos e inocentes” até grandes palavrões, difamações, passando por comunistas, globalistas, esquerdistas, incluindo visões semirreligiosas como “ímpios”, como será possível conduzir o Brasil?

Odiar, exterminar, xingar todos os que são enquadrados fora da categoria “bolsonarista”? Terá sucesso? Nessa pressuposição de exclusão, praticamente metade dos brasileiros não seria “desejáveis” e deveriam ser subjugados sob tortura psicológica e linchamentos virtuais. “Ou se submetem ou não prestam”.

Esta possibilidade é inviável. Representaria apenas amplificar um desnecessário sofrimento além da pandemia e da reinicialização econômica.

Quando tratamos dessa visão, somos imediatamente questionados que o “lulismo” fazia a mesma coisa, do “nós contra eles”! Isso é passado. Não interessa mais reviver a guerra fratricida. E o ambiente hoje é de uma guerra sim, contra a covid-19, e brutal queda no PIB global e do País. Motivações suficientes para consumir todo nosso foco como lideranças e sociedade.

Nas grandes crises, somos totalmente dependentes da sanidade mental, intelectual e humanista dos líderes. Coragem para o enfrentamento da verdadeira crise, neste caso, doença e Economia, e não criar e alimentar fatos e realidades paralelas que podem distrair toda a sociedade do verdadeiro foco a ser combatido, por exemplo, como se fosse um ambiente de gestão de roteiro de novela.

Nesta hora, a ciência ao lado do planejamento estratégico econômico-social, com ênfase no cooperativismo e colaboração internacional, será sagrada. Não conseguiremos superar esta crise sem conciliação e cooperação, sem transformar dissidentes em inimigos odiados, ao contrário, sem negociar com adversários e diferentes para um programa único de salvação nacional.

Parar com o ódio é a vacina primordial deste crítico momento de todos os brasileiros.

Shunji Nishimura, fundador da Jacto, em Pompeia, faleceu com 100 anos de idade, deixou legados sensacionais como a fundação Shunji Nishimura de tecnologia. Ele me deu um conselho um dia, fundamental. Ele falou sobre a importância do poder da palavra: “palavra boa, calma, acalma traz vida, faz bem; palavra ruim, amarga, enraivece, amedronta, mata a vida, faz mal”.

Vamos cuidar das nossas palavras. Todos nós. #stoprating

*José Luiz Tejon Megido é doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da FECAP; membro do Conselho da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, e sócio-diretor da Biomarketing

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