*José Luiz Tejon Megido
Na última semana, duas notícias movimentaram o mundo do agronegócio. A primeira foi o manifesto “Alimentar é Construir o Futuro”, do sistema CNA-SENAR. O texto propõe a união do campo e da cidade como fórmula do progresso, com uma comunicação anti-agropolarizada. A segunda veio da maior empresa de biotecnologia do mundo, a Bayer, que anunciou uma nova fase do programa PRO Carbono.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, que representa os agricultores, apresentou, com o manifesto, uma mudança em sua estratégia de comunicação. A instituição passou a adotar o conceito de união campo e cidade por meio do alimento. O presidente da instituição, João Martins, me disse: “temos [campo e cidade] que remar na mesma direção, está na hora de construirmos e não de digladiar”.
O texto do manifesto, que serve como direcionamento para todo o setor, diz:
“O que nos alimenta nos une. O abraço alimenta o afeto. O entendimento alimenta a cidadania. O conhecimento alimenta a educação. O investimento alimenta a ciência. A tecnologia alimenta a sustentabilidade. A economia alimenta o otimismo. O progresso alimenta o emprego. O produtor alimenta o futuro.
Trabalhar juntos é o que nos alimenta, unindo o campo e a cidade. Trazendo equilíbrio entre a ciência e a natureza. Levando o bem-estar por meio de toda forma de alimento para o maior número de pessoas. Somos o sistema CNA-SENAR… Alimentar é construir o futuro.”
Na mesma semana, coincidentemente, a Bayer anunciou seu manifesto: o PRO Carbono. O programa promete atuar junto com agricultores e parceiros para a “co-criação do mercado de carbono”, de acordo com o que foi apresentado por Eduardo Bastos, diretor de sustentabilidade América Latina, e Fábio Passos, diretor de carbono. Assim, a ideia do programa é engajar, com tecnologia, digitalização e mecanismos financeiros, agricultores brasileiros em um compromisso de sustentabilidade e aperfeiçoamento contínuo e evolutivo.
O PRO Carbono tem a fórmula 30/30/100, isto é, redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa (GEF/GEE); redução de 30% do impacto ambiental das tecnologias do agro (EIR); e atingir 100 milhões de pequenos agricultores (até 10 hectares) no mundo.
Portanto, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil lança seu manifesto de “trabalhar juntos é o que nos alimenta e a tecnologia alimenta a sustentabilidade”, ao mesmo tempo que a maior companhia de ciência em biotecnologia do mundo lança seu programa para, de forma colaborativa, incentivar a inclusão tecnológica e digital de milhões de produtores no Brasil e no planeta.
O mundo está mudando. A comunicação já mudou, a realidade também: agricultores são protagonistas do futuro e não vítimas do passado. “Alimentar é construir o futuro”.
*José Luiz Tejon Megido é colunista do Jornal Eldorado, doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da Fecap; membro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Científico do Agro Sustentável (CCAS) e sócio-diretor da Biomarketing