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Biometanização: o gás natural renovável do agro na logística nacional

José Luiz Tejon Megido

Estamos na era ESG (Environmental, Social and Governance). Agribusiness doravante se traduzirá por um “health system”, um sistema de saúde como o definiu o prof. dr. Ray Goldberg, da Universidade de Harvard, criador do conceito de agronegócio nos anos 1950.

As corporações privadas do setor de carnes, ovos, leite, as suas cooperativas também já estão sob compromissos e “compliance” assumidos de entregar carbono zero ainda nesta década dentro das suas instalações e incorporar o seu “supply chain” no mesmo engajamento. As redes de supermercados, a ponta final do consumo, passam a representar as vozes dos consumidores e convoca a cadeia de abastecimento para jogar junto, como vimos em 17 de junho de 2021, no fórum da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras). Poderíamos dizer: não há saída fora de ESG. Então, um ponto extremamente relevante me foi apontado por Cristian Malevic, diretor da MWM, numa conversa que tivemos sobre motores e geradores para biogás, em que ele me revelou uma iniciativa fundamental para os procedimentos de tornar a pegada de carbono negativa: o biometano. 

A logística em torno da cadeia da proteína animal é movida a diesel, combustível fóssil. Tanto no antes das granjas e fazendas da pecuária, na entrega de insumos, ração, equipamentos, genética; quanto no pós-granjas, com o transporte de animais, ovos e leite. Será preciso mudar urgentemente a matriz do combustível e os motores de máquinas e caminhões de transporte para que o setor da proteína animal possa dizer: “Estamos de fato ESG e carbono neutro”. 

Uma tecnologia sendo aperfeiçoada nos biodigestores permite extrair o biometano. No biogás normal, conseguimos de 55% a 70% de metano. No aperfeiçoamento desse processo vamos obter 90% a 95% de metano. Logo temos biometano, significa o biocombustível de biogás, que se transforma no único gás natural renovável. A MWM prepara neste momento uma solução de biometanização de veículos diesel, de modo que os caminhões do campo possam ser “movidos a biometano”, com um motor originalmente desenvolvido para tal. E as empresas do setor e suas cooperativas criarão uma rede de biometano que além de libertarem granjas e fazendas de um resíduo indesejável, estarão criando uma fonte de lucro produzindo gás natural renovável. 

Conversei com Marcelo Morandi, chefe da Embrapa Meio Ambiente, que da mesma forma me adiantou que o biometano entrou no renovabio e que estão com Abiogás e Única iniciando programas envolvendo essa nova fonte energética. Importante igualmente para a movimentação da cana-de-açúcar, insumos e derivados, a partir da utilização dos resíduos nas usinas, gerando biometano. 

Não basta ser ESG só dentro das unidades de produção, precisa ser também nos meios de locomoção. Biometano é mais uma excelente opção como combustível, gás renovável natural, para a logística nacional: biometanização das frotas.

*José Luiz Tejon Megido é colunista do Jornal Eldorado, doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da Fecap; membro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Científico do Agro Sustentável (CCAS) e sócio-diretor da Biomarketing.

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