Por José Luiz Tejon Megido*
Tivemos uma safra de 250 milhões de toneladas e a perspectiva da próxima safra 2020/21 aponta para 279 milhões de toneladas. Vamos crescer. Porém, nos Estados Unidos, 400 milhões de toneladas só de milho são produzidos. Dessa forma, vale comemorarmos crescimentos, mas não devemos ter tanta euforia. Temos muito para fazer daqui ao futuro: dobrar de tamanho em 10 anos.
Temos há longo tempo enfatizado a necessidade de dobrarmos o agro brasileiro de tamanho. Em termos de volume de safras, objetivar 500 milhões de toneladas de grãos para de fato alimentar o mundo e a nossa população não é nenhuma proposta ilusória. Além de perseguir US$ 1 trilhão nas cadeias produtivas inteiras, crescer o agro e o PIB do Brasil.
Precisamos manter compromissos com as exportações num momento de pandemia, em que outros países estão segurando suas reservas de alimentos. Isso significa um compromisso sério do Brasil com os clientes. Porém, num ano de dólar na casa de R$ 5,50, precisamos de cuidados na segurança alimentar do País.
Estou preocupado, supermercados estão preocupados, a ministra Teresa Cristina também, e já está tomando providências para cuidar da oferta interna de arroz, feijão, milho, soja, da mesma forma que o secretário de Agricultura, de São Paulo, Gustavo Diniz Junqueira, com quem conversei, além da própria Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento, seu presidente Marcelo Bastos.
Precisamos de um planejamento estratégico, de um plano de negócios, de estoques de segurança, e de aproximar todos os agentes do antes dentro e pós porteira das fazendas de acordos, de contratos e de previsibilidade de safras e de vendas para o exterior e da segurança alimentar dos brasileiros.
Se os preços da cesta básica subirem, impacta a inflação, e não podemos deixar de comentar essa preocupação com suas consequências.
É necessário dobrar o agro de tamanho para que o PIB cresça e para que a sociedade brasileira se abasteça. Caso contrário, não iremos alimentar o mundo, como desejaríamos.
A FAO nos seus estudos deixa claro. Ao Brasil cabe ter no mínimo 630 milhões de toneladas em 2050. Mas, se quisermos ser ousados e de fato crescer o PIB do Brasil, precisamos disso muito antes do que 2050.
Por que não um plano de governança para 2030?
Previsibilidade, planejamento e sociedade civil organizada orquestrada entre seus agentes dos supermercados brasileiros até produtores rurais, pesquisa, agroindústria e mecanismos modernos de comércio precisamos desenvolver além de uma governança estabelecer…
Além de exportar e trazer divisas é preciso assegurar alimentos em quantidade e acessibilidade para toda nossa população: o agro é solução. O que nos trouxe até ontem não nos leva ao amanhã. Precisamos hoje, desde já, muita gestão.
*José Luiz Tejon Megido é doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da FECAP; membro do Conselho da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, e sócio-diretor da Biomarketing