*João Carlos Marchesan
O brasileiro é muito adepto às novas tecnologias, inclusive, o atual produtor rural. Sempre antenados ao que há de novo no mercado agro, esses agricultores seguem sempre em busca de inovação e tecnologia para aplicação na agropecuária.
Nesse contexto, o termo Agro 5.0 é mais que um conjunto de novas ferramentas para o agricultor, é uma atualização no lifestyle da cadeia como um todo.
A mais recente geração de modelos de produção agrícola traz consigo um leque de novidades – todas elas inseridas na questão tecnológica. São muitos diferenciais nessa nova geração; entre os principais alvos estão as máquinas, que contam com inteligência artificial, garantindo produtividade e precisão do plantio à colheita.
Antes de expor todas as promessas que o Agro 5.0 pode oferecer, é importante observar a trajetória, e perceber a evolução em que o setor caminha num ritmo acelerado de crescimento.
O cultivo com tração animal e o manuseio sem máquinas foi o começo de tudo, sendo um período que perdurou milênios. Com a chegada do motor à combustão para as máquinas e os tratores, e o uso de fertilizantes e pesticidas, no início do século 20, deu-se início ao Agro 2.0. A geração 3 do agro foi consolidada nos anos 1990, quando se deram os primeiros passos rumo à digitalização, incluindo as primeiras análises por satélite e uso de sementes geneticamente modificadas. Uma década à frente, o Agro 4.0 revolucionou com a introdução de GPS e imagens em alta resolução.
De volta para o futuro, o Agro 5.0 prevê uma agricultura de precisão, com utilização de máquinas autônomas, aumento da conectividade, coleta de dados e IoT (Internet das Coisas). Porém, para o Brasil prevalecer na agricultura 5.0 e se manter competitivo no mercado internacional é preciso se atentar a questões fundamentais como a conectividade rural e a capacitação da mão de obra.
De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey, de 2020, 40% dos agricultores brasileiros investem seus lucros em maquinários novos e 34% em tecnologias relacionadas aos insumos. Essa tendência de adoção à tecnologia se dá ao fato de que as novas gerações estão assumindo o comando das fazendas. Contudo, a questão da conectividade ainda é um contratempo a ser vencido.
A pesquisa ainda revela que 36% dos agricultores brasileiros pesquisados fazem compras online para a fazenda. Ainda, conforme o estudo, 85% utilizam o WhatsApp para assuntos relativos à agricultura, e 71% utilizam os canais digitais. E, cerca de 33% estariam dispostos a fazer compras de insumos online.
Ademais, a Agricultura 5.0 vai afetar a cadeia agrícola de diferentes formas, sendo em maior produtividade, na agilidade das entregas, na qualidade dos insumos, na redução ou quebra de custos desnecessários, na escassez de mão-de-obra, além de tecnologia para suprir a falta de capacidade técnica. Para tanto, a robótica, ou seja, o uso de IoT em máquinas fariam análises precisas e emitiriam relatórios com base em dados de tecnologia.
A modernização de máquinas, equipamentos e ferramentas são uma constante no universo agro. O produtor antenado que desfrutar da oferta de tecnologia certamente colherá bons frutos de lucratividade.
*João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas