João Carlos Marchesan*
A indústria de máquinas e implementos agrícolas iniciou o ano de 2021 aquecida. No primeiro trimestre deste ano registrou alta na sua produção física de 40,3% em relação ao valor registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sua pesquisa industrial mensal (PIM-PF). As altas nos preços das commodities, a nova safra recorde, o real desvalorizado, entre outros fatores têm estimulado os investimentos no campo na busca por ganho de produtividade.
Podemos afirmar que o quadro de recuperação iniciou no final do segundo trimestre de 2020 e manteve-se pelos trimestres seguintes o que permitiu ao setor, ainda em 2020, registrar crescimento de 6,3%. Mantido o atual volume de produção, devemos registrar aumento de mais 20% em 2021. Crescer quase 30% em apenas dois anos é um número muito positivo para indústria de máquinas e implementos agrícolas.
A mecanização do campo não se traduziu em aumento do desemprego, ao contrário, o forte aumento da demanda por máquinas elevou a contratação de mão de obra em mais de 18% nas indústrias fabricantes de máquinas e implementos. O quadro pessoal que em março de 2020 era de 45.160 pessoas em março de 2021 já estava em 53.715 pessoas.
Um indicativo de que o cenário deve manter-se aquecido é o número semanas para atender os pedidos em carteira que se elevou em 30% nos últimos 12 meses. O nível de utilização da capacidade instalada também se elevou, em março de 2021 chegou a 75,3% contra 71,34% em 2020. Aumento médio anual de 5,6%. Isso é um bom sinal, porque a melhora deste segmento tende agora a se espalhar por outros setores da economia na medida em que ele mesmo tende a expandir ou modernizar suas operações para atender ao aumento de demanda.
Pesquisa realizada no início deste ano, com fabricantes de máquinas e equipamentos já previa forte expansão nos investimentos, não só reposição de bens depreciados, mas, principalmente, para modernização tecnológica e ampliação da capacidade industrial.
As importações brasileiras de máquinas agrícolas também registraram alta no primeiro trimestre do ano na comparação com mesmo período de 2020 (12,9%), mas tratam-se, na sua maioria, de aquisição de bens não produzidos localmente. O setor de máquinas agrícolas nacional se destaca internacionalmente pela inovação tecnológica. É um dos setores da indústria de máquinas que mais contribuem com superávit na balança comercial brasileira.
O cenário de crescimento na produção e emprego do setor deve-se à colheita recorde de grãos na safra 2020/21, às boas expectativas para a temporada 2021/22, à elevação do preço de commodities como soja e milho no mercado internacional, aliados à alta do câmbio. Fatores que promoveram o incremento da rentabilidade dos agricultores. Mais capitalizado, o agronegócio está investindo na atualização das máquinas. Enquanto esses fundamentos se mantêm favoráveis, a produção e vendas devem continuar fortes. Inclusive durante todo o ano de 2022.
Esses resultados mostram que a pandemia pouco afetou o setor de máquinas agrícolas. Os pontos de atenção estão relacionados à falta de matéria-prima e componentes no geral e no aumento excessivo do preço de insumos, como o aço, alumínio, plástico entre outros. Ainda que o desabastecimento de matéria prima e insumo não tenha provocado paralisação de fábricas, tem obrigado fabricantes a renegociar com os clientes.
O mercado de máquinas agrícolas está aquecido como poucas vezes na história. O Brasil se tornou um grande fornecedor de alimentos para o mundo. Temos ótimas perspectivas para o médio e longo prazo. Vamos trabalhar com atitude, positividade, protagonismo e otimistas para atender as demandas que virão nos próximos meses.
*João Marchesan – Administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)