Por João Pascoalino*
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O desafio nacional de máxima produtividade da soja surgiu em 2008, juntamente com o Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB)**, que completa 13 anos de história. A iniciativa nasceu com o intuito de inspirar os sojicultores do Brasil. Os agricultores a resumem da seguinte forma: “um desafio, e não concurso, onde os produtores são desafiados a superar as próprias limitações do sistema produtivo e produzir de forma sustentável e rentável”. Foi o que aconteceu com o agricultor vencedor do desafio do CESB na última safra (2019/2020). Laercia Dalla Vechia, sojicultor em Mangueirinha (PR), registrou uma colheita de 118,82 sacas de soja por hectare, mais que o dobro da média nacional.
Nesse contexto, a cada safra o desafio do CESB ganha mais notoriedade. Isso é perceptível pelo aumento do volume de inscrições. Neste ano, 338 produtores se inscreveram. Comparando este número com o de edições passadas, verifica-se um incremento considerável de inscrições, 145%, 390% e 110% em relação às safras 2017, 2018 e 2019, respectivamente (Figura 1). E a nossa expectativa é que o número de participantes chegue a mais 4.500, já que o período de inscrições para o desafio vai até 31/01/2021.
Como o próprio nome já diz, o desafio de máxima produtividade do CESB é pautado pela quantidade de sacas de soja produzida por hectare (scs/ha). Neste quesito, para delinear uma expectativa produtiva da safra atual, o CESB se baseia no histórico do ano anterior. Na safra 19/20, tivemos atrasos de plantio em boa parte do Brasil por dois motivos antagônicos: seca e excesso de chuva. Logo, tivemos produtores receosos. Alguns temiam plantar no pó, enquanto outros estavam impedidos de semear por excesso de umidade no solo e dificuldades operacionais. Ao longo da safra, o plantio foi normalizado e as lavouras instaladas e conduzidas até a colheita.
Embora o plantio tenha sido realizado fora da janela ideal de semeadura, o produtor compensou a provável queda de produtividade com uma boa condução da lavoura. Também contou a seu favor a normalização das chuvas. Os números de produtividade dos sojicultores auditados pelo CESB na safra 2019/2020 refletem esta realidade. Das 913 áreas auditadas, 60,7% ficaram com produtividade superior a 80 scs/ha, o que resultou numa produtividade média de 83 scs/ha (Figura 2). Esse índice foi 50,9% maior do que a média computada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que foi de 55 scs/ha, para o mesmo ano safra. Isso demonstra o potencial de aumento da produtividade e, consequentemente, da competitividade do sojicultor brasileiro.
A safra atual (20/21) também enfrentou atraso no plantio em todo Brasil, sendo que a ausência de chuvas foi o principal motivo. Estima-se que será plantado aproximadamente 37 milhões de hectares de soja. Deste total, segundo a consultoria AgRural, 45% já tinha sido plantado até o início de novembro. A tendência é que se repita o feito da safra anterior, em que o zelo dos agricultores na condução da lavoura compensou os atrasos no plantio. Inclusive, há previsões que indicam uma supersafra de grãos, sobretudo, de soja.
Mas é preciso destacar o alerta dos agrometereologistas sobre a probabilidade de incidência de La Niña – fenômeno climático que no Brasil provoca chuvas no Norte e Nordeste e estiagem no Sul – até abril de 2021, de acordo com os dados da Agrymax. No entanto, os sojicultores que obtiveram um bom ‘start’ da lavoura no Norte e Nordeste e também aqueles, do Sul, que investiram na construção de um bom perfil de solo se encontram na dianteira da corrida da produtividade.
*João Pascoalino é coordenador técnico do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) .
**CESB é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que tem por objetivo alavancar a produtividade da soja no Brasil. O comitê é composto por 22 membros e 30 entidades patrocinadoras: Syngenta, Basf, Bayer, Mosaic, Superbac, Jacto, Corteva, Instituto Phytus, Eurochem, Compass Minerals, ATTO Adriana Sementes, Stoller, UPL, Timac Agro, Brasmax, FMC, Stara, Datafarm, Viter, Somar Serviços Agro, Ubyfol, Fortgreen, KWS, Yara, Sumitomo Chemical, Adama, Agrivalle, Seedcorp, FT sementes e IBRA.
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.