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Desafios para a produção de alimentos e a agricultura 4.0

Laura Maitan

Nos últimos anos, o Brasil se tornou o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, destacando-se no cenário agrícola mundial, perdendo apenas para China e Estados Unidos. Além disso, é o segundo maior player exportador, atrás apenas dos norte-americanos. Isso muito se deve ao processo de modernização do campo e o ganho de inovação do agronegócio brasileiro. 

Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO no Brasil, a agricultura mundial precisa aumentar em 70% a produção de alimentos até 2050. Tudo isso será necessário para atender às demandas de uma população estimada de 9,8 bilhões de pessoas. Com isso, espera-se que o Brasil contribua com 40% da demanda futura de alimentos do planeta. E o país possui condições de entregar tudo isso. 

O futuro do agronegócio é muito importante para a evolução humana e com o rápido crescimento da população e os recursos naturais cada vez mais escassos, o acesso à alimentação é um fator a ser pensado. Uma pesquisa da PwC indica que só no Brasil é cultivado 60 milhões de hectares, mas ainda há 106 milhões de hectares para expansão da agricultura que não são explorados. 

Atualmente, a perda global de alimentos é de US$ 750 bilhões, e para tentar suprir essa perda, são investidos US$ 7 bilhões em agricultura de precisão. Em 2025, espera-se um aumento de US$ 5 bilhões com essas tecnologias, para tentar garantir que não aumentem as perdas com alimentos. No Brasil, as perdas são de aproximadamente US$ 50 bilhões. 

Em paralelo, as alterações climáticas intensas dos últimos anos têm contribuído para a perda de produtividade. No primeiro semestre de 2021, por exemplo, as lavouras foram fortemente impactadas com o déficit hídrico ocasionado pela falta de chuva, consequentemente, a produtividade das safras já seriam menores, principalmente em culturas de cana-de-açúcar e milho. Além disso, no início do segundo semestre, as mesmas lavouras sofreram severos danos com a intensa frente fria que atingiu o país, com geadas de forte intensidade, ocasionando perdas ainda maiores nessas mesmas culturas. Em lavouras de café, os prejuízos serão ainda maiores, pois em grande parte das áreas da lavoura perderam-se quase 100% das plantações. Os danos ocasionados pelas geadas podem se prolongar até as próximas temporadas, aumentando os prejuízos. 

Sabemos que não é possível controlar ou fazer ações preventivas eficazes contra as questões climáticas, apenas uma avaliação precisa após ocorrência do evento pode auxiliar no processo de decisão para mitigar o impacto do dano. 

Para ajudar os agricultores a medir rapidamente o tamanho e gravidade, seja do estresse hídrico ou da geada, ferramentas inovadoras podem auxiliar no mapeamento dos danos, como o monitoramento remoto do CANAViva, uma solução digital desenvolvida para lavoura de cana-de-açúcar pela IDGeo. A análise é feita por meio do uso e interpretação de imagens ópticas, entregando ao agricultor informações mais seguras para tomada de decisão, garantindo que as ações que serão realizadas trarão retornos positivos. Com o objetivo de garantir a produtividade futura da agricultura, unimos o mundo físico e digital para ser os olhos do produtor no campo.

Um estudo de caso realizado pela IDGeo, na região de Ribeirão Preto, em uma área equivalente a 55.134 hectares, avaliou a evolução dos canaviais quanto às perdas produtivas em decorrência de danos de soqueiras de cana causados pela mecanização, ineficiência no controle de pragas e concorrência de planas daninhas com os canaviais. Concluiu-se que no período de 18 meses, o desempenho da lavoura foi de 79,68 (score de cana). Os danos da produtividade causados por mecanização e controle de pragas afetou 11% da área cultivada, representando perdas de R$ 192,06 por hectare. A concorrência com ervas daninhas foi encontrada em 9,3% das áreas analisadas, totalizando uma perda de R$ 134,81 por hectare.

O diagnóstico, monitoramento e gestão das áreas produtivas é necessário para aumentar a produtividade agrícola e desenvolver áreas que não estão sendo exploradas para cultivo, além de reduzir custos de produção e riscos do negócio. Hoje, não há viabilidade operacional nem financeira para acompanhar, de maneira tradicional, com gente no campo, todas as mudanças que ocorrem nas lavouras a cada nova ação, mudanças climáticas ou ambientais.

A agricultura 4.0 tem o propósito de solucionar esse problema, com o desenvolvimento e aplicação de tecnologias para atender as demandas de um agronegócio mais sustentável, reduzindo o uso e desperdícios de insumos e elevando a produtividade.

Laura Maitan – Gestora Comercial da IDGeo, empresa associada da Esalqtec.

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