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Colaborar para inovar: o futuro para uma agricultura sustentável

Por Cláudia Quaglierini*

Inovação e transformação digital são premissas inegociáveis para se alcançar a agricultura no futuro. Para alcançar esse estágio, porém, é preciso trazer, com a mesma relevância, sustentabilidade para a equação. Endereçar os desafios do agro depende da convivência harmônica com o meio ambiente, e apenas a colaboração é capaz de entregar esse equilíbrio em um setor que atravessa um momento intenso de transformação.

Trata-se de uma questão maior que as empresas ou os produtores rurais. Enquanto a pressão — de mercados, reguladores e consumidores — para ser sustentável aumenta a cada dia, organizações em todo o mundo não têm escolha a não ser encontrar maneiras novas e diferentes de conduzir os negócios. Tudo isso enquanto enfrentam os impactos, em suas próprias operações, das mudanças climáticas, dos recursos naturais limitados e de uma população crescente.

Se o caminho para moldarmos o futuro da agricultura de forma mais sustentável passa obrigatoriamente por um sistema colaborativo, a principal questão está em como trazer esta demanda para a realidade de cada empresa. Nenhuma companhia sozinha tem todas as respostas nem será capaz de enfrentar os desafios de todo o setor, e a diversidade de conhecimentos e soluções é essencial para montar esse quebra-cabeça. É neste contexto que as áreas de inovação aberta ganham um espaço cada vez maior, inclusive no agronegócio e nas empresas focadas em pesquisa e desenvolvimento.

Multinacionais e grandes atores precisam estar bem resolvidos quanto aos seus pilares de inovação, transformação digital e sustentabilidade para que possam assumir o papel de promover e liderar diálogos em busca de novos modelos de negócio. É essa forma de atuação que permite entregarmos soluções de forma mais ágil e trabalharmos para gerar um impacto ambiental positivo na proteção de culturas, na redução de pegada de carbono no campo e na capacitação de pequenos agricultores a soluções mais sustentáveis, por exemplo.

A inovação aberta é um processo colaborativo e precisa estar conectada às demandas atuais. Firmar parcerias em busca de soluções inovadoras para desafios e problemas do agronegócio não é mais um caminho possível, mas necessário. 

Projetos conduzidos simultaneamente pelo meio empresarial, acadêmico e financeiro já têm levado inovação de ponta para o agricultor brasileiro. Enquanto agtechs e demais startups têm flexibilidade para se adaptar rapidamente e gerar soluções, as empresas já estabelecidas oferecem a expertise e capilaridade necessária para colocar as ideias na prática.

Todo esse trabalho está conectado às universidades e centros de pesquisa, parceiros-chave nessa relação simbiótica. Enquanto fornecem o recurso mais necessário, graduados competentes, são os atores do meio acadêmico que produzem continuamente novos conhecimentos, incluindo sistemas baseados em pesquisa e soluções para desafios concretos de inovação. 

Hoje as universidades estão naturalmente dispostas a varrer as fronteiras do conhecimento e explorar a próxima geração de tecnologias. Eles podem identificar novos tipos de problemas tecnológicos, sociais e ambientais que vão desenhar as necessidades futuras dos usuários e mercados. Eles estão cada vez mais hábeis em buscar novas abordagens, muitas vezes interdisciplinares, para resolver esses problemas, expandindo assim os horizontes e mostrando o caminho para as tecnologias futuras.

O conhecimento adquirido nos últimos anos mostra, cada vez mais, que é impossível ser autossuficiente para liderar a inovação no século 21. O caminho está na colaboração, e a inovação aberta é responsável por conectar os atores envolvidos, dar agilidade, provocar mudanças, redesenhar modelos e, literalmente, construir o futuro da agricultura. Uma agricultura mais moderna, sustentável, produtiva e colaborativa. 

* Claudia Quaglierini é engenheira agrônoma e gerente de Inovação Científica da Bayer Brasil, empresa associada da Esalqtec.

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